No palco do “Um Ao Molhe” só cabe um músico de cada vez. É de one-man-bands que se faz o festival itinerante que parou em Barcelos na passada sexta-feira, 19 de fevereiro. O CCOB acolheu a estreia a solo da violinista Helena Silva e o flamenco de um britânico recém-chegado de uma tour sul americana.

Em voga nos últimos tempos pelas noites rock de altos decibéis, o Circulo Católico de Operários de Barcelos (CCOB) deixou as guitarras arranhadas de lado por uma noite. As cortinas vermelhas do palco nem se chegaram a abrir. Os concertos fizeram-se sem barreiras físicas entre público e músicos. Foi mesmo em cima de um tapete escuro, no chão. Afinal de contas, a logística era simples: um músico, um instrumento.

De violino e pedal de loop, em frente a um público curioso, estreou-se a solo Helena Silva. A violinista de 19 anos jogava em casa, e muitos já a conheciam de outros projetos que integra, como os Indignu. Ou das suas participações com artistas como Grutera e Gobi Bear. Ou talvez a tivessem visto no palco do NOS Primavera Sound, com Anthony and the Johnsons.

De sobreposições harmoniosas de sons emanados do violino se fez a meia hora que esteve em palco. “A utilização de loops é bastante recente para mim e foi a primeira vez que os utilizei ao vivo, pelo que senti uma certa estranheza neste formato”, contou Helena Silva ao ComUM.

Fazia as transições entre músicas em forma de silêncio, acompanhado com um sorriso para o público, retribuindo as palmas. No final, Helena afirmou que o feedback foi “bastante positivo”. Para o futuro ainda há muita incerteza, mas tem uma vontade clara: “Gostava de tornar este projeto algo mais sério.”

Despediu-se com um “obrigado” e saiu por entre o público. “Isto podia ser a banda sonora de um filme”, ouvia-se à saída da sala. Seguiu-se o concerto do projeto NUL, de Dora Vieira. Uma confirmação de última hora, depois do cancelamento de The Partisan Seed.

Com um “violino grande”, ou uma viola de arco, José Valente fez incursões sem freios, comandadas pelo seu virtuosismo. E foi nas cordas que continuou a noite. The Flamenco Thief foi o último a entrar em palco. Pela terceira vez em Barcelos, o músico britânico queixou-se do frio da noite portuguesa. “Há dois dias estava na praia, no Brasil, e agora isto”, brincava, enquanto afinava a guitarra para a próxima música.

Prendeu o público aos seus dedos, mestre a fazer dedilhados acelerados. Os ritmos do flamenco compunham-se nas camadas de som que gravava no momento. A percussão na caixa da guitarra também entrou na equação.

The Flamenco Thief continua em Barcelos para mais uma data. Enquanto isso, o festival “Um Ao Molhe” segue a sua rota e para em Monção, no dia 20 de fevereiro.