2015 foi um óptimo ano no que toca a videojogos, principalmente quando contrastado com o quão mau foi 2014… e Underrail foi a cereja no topo deste “ano-bolo”.

Já tinha algum conhecimento desta obra sérvia há uns tempos, mas nunca lhe tinha prestado muita atenção. Não por falta de interesse, note-se, mas prefiro esperar até que as coisas fiquem prontas. Underrail esteve em desenvolvimento pelo menos desde 2008, sendo que alguns desses anos foram passados no serviço Early Access do Steam e admito que já tinha desaparecido completamente da minha memória, mas o seu lançamento tão próximo do Natal acabou por torná-lo na minha última aquisição de 2015 — e que aquisição!

Underrail é, indubitavelmente, o meu jogo do ano. Não de um ponto de vista “geral” (essa honra cabe ao Witcher 3), mas sim de um ponto de vista mais pessoal. O jogo puxa todos os cordelinhos que fazem mexer os meus gostos.

underrailE o que é Underrail? É um RPG isométrico, por turnos, pós-apocalíptico. Apesar de ser sério e, por vezes, até aterrorizante, tem o seu sentido de humor, particularmente focado no quão horrível tudo aquilo é. Jogadores veteranos do género devem estar neste preciso momento a pensar nos Fallouts originais… o que é natural, já que são uma das inspirações principais deste jogo.

Mas enquanto Fallout brilhava em dar-nos opções bastante diferentes no que toca a como lidar com as situações, Underrail dá menos importância a essa parte do jogo e foca-se principalmente no combate. Aqui, também é possível dar a volta a alguns inimigos potenciais com paleio, ou esgueirarmo-nos pelos corredores para evitar conflitos, mas o sumo da experiência está principalmente na exploração do seu sistema de combate bastante complexo. E o jogo incentiva a que aproveitemos ambos: não há qualquer tipo de mapa, os inimigos são brutais e, salvo raríssimas excepções, estamos sempre completamente sozinhos! Referirmo-nos a Underrail como uma versão old-school de Dark Souls não é uma comparação descabida.

Existem, porém, dois senãos, ambos na área final do jogo: o primeiro é que a passagem para essa última área não é muito óbvia, algo que pode ser problemático caso o jogador não tenha um bom stock de itens. Sem querer revelar muito, digamos que é uma zona implacável e na qual um jogador despreparado pode facilmente ficar frustrado. O segundo senão está particularmente relacionado com a maneira como montei a minha personagem, mas é talvez até mais problemático: o boss final é absurdamente brutal! É com muita vergonha que admito que, pela primeira vez em muitos anos, tive de fazer batota para acabar um jogo, e isto depois de cumprir um puzzle opcional para enfraquecer dito boss. Há sempre a possibilidade de que este problema venha a ser resolvido por patches, ou que me tenha escapado alguma coisa, mas acho que aquele inimigo era quase imbatível no meu caso em particular. Digo quase, porque tenho as minhas suspeitas de que uma estratégia extremamente demorada e frustrante poderia funcionar… ênfase no “poderia”!

Apesar destes problemas não deixo de por Underrail em cima de um pedestal. Não fosse por eles, seria até capaz de lhe dar a nota máxima… mas o último combate do jogo força-me a baixar-lhe ligeiramente a nota. Underrail é um óptimo primeiro esforço da parte da Stygian Software e espero ansiosamentepor novos trabalhos da empresa sérvia.