Sapateado, castanholas, bengalas, abanicos e gritos de raiva de um flamenco ortodoxo ocuparam, esta quinta-feira, o Theatro Circo.
Às 21h00 já se ouvia, do lado da bilheteira, “os bilhetes estão esgotados”. Flamenco Feeling encheu, ontem, a sala principal do teatro bracarense. À entrada, muitos esperavam para ver a companhia Ballet Flamenco de Madrid. Mas a estrela principal era a coreografa espanhola Sara Lezana. O espetáculo deu início com uma sala imersa na escuridão onde só uma voz latina emergia do palco. As luzes acenderam mais tarde para mostrar os rostos de uma banda composta por quatro músicos e uma coreografia dançada a cinco. O flamenco ortodoxo pisou o chão do salão dourado e fez renascer os palos mais importantes do estilo.
Com a poesia de José Martí como fio condutor, os seis bailarinos mostraram a força da dança espanhola. Entre solos, duetos e trios, entre jogos de luzes e os “Olé” do público, a companhia independente fez o prometido e não introduzir nenhum passo de dança contemporânea. A cultura popular de origem cigana e mourisca bateu o pé e fez levantar o pó do Theatro Circo.
Castanholas, bengalas, abanicos e o estalar de dedos tomaram conta do palco. O último solo foi de Sara Lezana. A sala aguardava pelo sapateado da bailaora que afirmou o seu lugar no flamenco pelo papel que interpretou no filme Los Tarantos, em 1963, nomeado para o Óscar de melhor filme estrangeiro. Aplaudida de início ao fim, Lezana acompanhou o cante com o seu baile e não dececionou o público que a esperou.
Na última coreografia, os seis bailarinos juntaram-se e só calaram o sapateado com a última nota solta pela guitarra. Do fundo ouviu-se um “bravo” e as cortinas fecharam, deixando para trás uma das flores que caiu do cabelo de Lezana.