Talvez pareça estranho começar esta crítica com um desabafo, mas eu pessoalmente odiei o filme Mad Max: Fury Road. Eu sei que certas pessoas discordam desta minha posição. Mas também sei que muitos outros odiaram-no tanto quanto eu. Contudo, apesar da minha primeira impressão, não posso deixar de reconhecer que o filme tem grandes qualidades, as quais não devem ser ignoradas de forma alguma. É um filme com falhas, mas não um filme falhado.
Mad Max: Fury Road de George Miller é o quarto filme da saga Mad Max, e conta com a participação de Tom Hardy como Max, Charlize Theron como Furiosa, Nicholas Hoult como Nux e Hugh Keays-Byrne como Immortan Joe.
A ação passa-se num mundo pós apocalíptico onde, Furiosa, revoltando-se contra o tirano Immortan Joe, e com a ajuda de algumas prisioneiras, parte à procura da sua terra natal. Max é apanhado no meio deste conflito e tem de decidir se o ignora, ou se envolve no mesmo.
Os três primeiros filmes da saga Mad Max foram lançados entre 1979 e 1985, e foram protagonizados por Mel Gibson. George Miller realizou a sua primeira longa-metragem com Mad Max – As Motos da Morte. Apesar disso a saga resultou, e é, ainda hoje, uma referência para muitos filmes de ação.
As suas melhores qualidades são: a história “non-stop action”; a realização intensa, com utilização frequente de grandes planos, cheios de caos e destruição; os quase arcaicos “Pratical Effects” em vez do agora típico “CGI”; a montagem com grande atenção à continuidade entre cenas e de cenários visualmente incríveis. Algo também a apontar é a sua intensidade sonora que faz com que qualquer espetador se esqueça como soa o silêncio. Além dessas qualidades Mad Max: Fury Road consegue deixar a sua marca no cinema de ação, o que acaba por ser um regresso feliz de George Miller ao mundo da saga, criada por ele já há mais de 30 anos. Também é louvável a utilização de “Ex Machina” durante o filme, mas, sobretudo, a utilização de “Anti Ex Machina”, o que evita os clichés.
Apesar de tudo isto, nem tudo é bom neste filme: a história é muito superficial e muitas vezes incoerente. Não existe qualquer tipo de contextualização ao universo do filme, o que acaba por torná-lo pouco imersivo; o desenvolvimento das personagens é mínimo e o conflito que Max tem com o passado é tão superficial, que não chega a interessar sequer ao próprio Max. Os momentos de ação neste filme são tantos que, simplesmente, não há tempo para nada mais. Infelizmente, todo o conteúdo que o filme poderia ter é suprimido assim.
Enfim, o mesmo George Miller, a mesma intensidade e a mesma loucura, apenas com um orçamento maior, o que justificou a grande quantidade de óscares técnicos que o filme arrecadou no passado dia 27 de Fevereiro.
Realização: George Miller
Argumento: George Miller, Brendan McCarthy
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult
Duração: 120 minutos
Março 15, 2016
Gostaria de saber onde está a “superficialidade” e a “incoerência” da história.
E o Oscar foi realizado no dia 28 de fevereiro.