O guitarrista Filho da Mãe lançou este mês "Mergulho", o seu quarto álbum instrumental.

Mergulho” é o título do mais recente álbum do músico português Filho da Mãe, lançado a 7 de Março de 2016. Um nome caricato mas pouco reconhecido, Filho da Mãe preenche palcos com apenas uma guitarra acústica, um sintetizador e um amplificador. É notória a riqueza e grandeza sonora deste músico, quando precisa de tão pouco para fazer algo enorme.

Filho da Mãe é Rui Carvalho fora dos palcos, natural de Lisboa, conta já com três álbuns gravados: “Palácio”, “Cabeça” e “Tormenta” em parceria com o músico Ricardo Martins. O seu estilo musical varia entre música tradicional, clássica, rock e blues.

Com a residência artística proporcionada pela associação “Encontrar-te Amares”, o álbum “Mergulho” foi gravado no Mosteiro de Rendufe em Braga. Distingue-se pela sua serenidade e quietude, em contraste com os ritmos agitados e severos dos dois primeiros álbuns. O tema deste álbum apela às diferentes dimensões da natureza: mergulha-se duas vezes e entre elas vamos ter a uma selva em Madagáscar ou até mesmo a Júpiter, metáfora para quatro das músicas que mais gostei: “Primeiro Mergulho”, “Segundo Mergulho”, “Madagáscar” e “Júpiter”.

Fonte: bodyspace.net

O tema “Primeiro Mergulho” envolve-nos no som repercutido da guitarra, nos primeiros segundos, como se realmente estivéssemos a mergulhar. Atingimos a superfície na restante música, quando o som se torna mais límpido e audível. Cada acorde lembra uma brisa suave, que nos transporta para uma tarde solarenga ou a uma madrugada gélida, simples e agradável ao ouvido.

Júpiter” é uma das músicas que tem igualmente o efeito de eco no som, dando-nos a ideia de atingirmos outra dimensão, onde as ondas sonoras são dificilmente atingidas por nós, humanos. O último tema, “Epílogo-me”, conclui o álbum, como se o músico voltasse a si, depois de uma longa viagem que chega ao fim.

O álbum é descrito com breves palavras, em jeito de poesia: “Queda livre. Um mergulho na terra, na pedra que se faz mar, lá no fundo onde se preparam cristais.”

Sendo música somente instrumental, é aberto um vasto leque de interpretações dos temas tocados. Na minha opinião, será comum a todos o facto de estes temas nos remeterem para um ambiente verdejante, onde as cordas são lianas, e o som da guitarra para o ar naturalmente denso que nos envolve.

O ambiente selvático tanto do vídeo como da capa do álbum, desenhada por Cláudia Guerreiro, confirmam o tema base do novo álbum de Filho da Mãe.