20 anos de uma letra pensada, 12 anos de uma melodia reconhecida. O resultado culminou numa pauta que, pelas mãos de Rui Paulo Teixeira, segreda aos estudantes que chegam que “todo o destino é partir”.
Em Portugal, não é frequente que uma universidade tenha um hino. Mas a academia minhota marca pela diferença. Intitulado “Hino da Universidade do Minho“, já existe, tal como foi escrito, há mais de 20 anos. No entanto, a sua aprovação como hino da academia foi feita apenas há 12 anos. Fernando Lapa, compositor, e José Manuel Mendes, poeta, são os fundadores do cântico.
Por iniciativa da Associação Académica, nos anos 90, presidida pelo Luís Novais, nasceu a ideia de compor um hino para a universidade, ao mesmo tempo que se decidia acerca do traje académico e de outros símbolos e usos dos estudantes da academia.
O “arder da própria história” na “nobreza de ser simples”
Há 10 anos que a maestria do “Hino da Universidade do Minho“ ficou entregue a Rui Paulo Teixeira. Orgulhoso pela responsabilidade que lhe cabe, o maestro confessa que “ensaiar este hino é como invocar o fogo de Prometeu e fazê-lo soar nas vozes da academia minhota. Como o poema refere, é o `arder na própria história´”.
O maestro do CAUM (Coro Académico da Universidade do Minho) considera que este cântico “tem a nobreza de ser simples”, característica que reconhece ser difícil de encontrar numa música, principalmente quando o objetivo é que seja cantada por todos.
Uma composição “forte”
Ao contrário de tudo aquilo que Fernando Lapa compôs, este foi o seu primeiro projeto onde a música nasceu antes da própria letra. Revela ter escrito o início do hino “com diversos recursos e ambientes e em diferentes formatos”. Chegou mesmo a apresentar cerca de seis propostas que albergavam “registos muito diferentes”. Perante todas estas alternativas, a direção da AAUM escolheu a música que hoje fala pela Universidade do Minho.
Apesar da escolha final, o compositor recorda: “quando li o poema apeteceu-me escrever uma nova música, tão forte foi a impressão do texto. Mas ficou assim”.
Uma formação em pauta
A opinião do compositor e do maestro é unânime no que concerne à letra. Ambos acreditam que representa bem os anos universitários, porque, “de uma forma poética, o texto representa muito bem a realidade de um percurso universitário, assente na efemeridade dos anos da vida.” Um hino, que principia afirmando “estes anos são viagem” e finda com o prenúncio “todo o destino é partir”, dá voz aos alunos que entram sós, mas saem com um poema em comum.
Fernando Lapa introduz uma pergunta retórica: “Quem ousou pôr expressões tão sedutoras como estas na letra de um hino?”. Reconhece, desta forma, a ousadia e singularidade da letra do hino da academia minhota que “tem a força de um brasão musical”. E não poupa palavras para dizer que “deve ser uma música cantada com o coração”.