A juventude tem os dias contados

Lançado no passado dia 13 de abril, o terceiro álbum dos Capitão Fausto acaba com todos os pressupostos sobre o estilo da banda. Capitão Fausto Têm Os Dias Contados faz jus ao nome: a banda lisboeta é a mesma, mas é, ao mesmo tempo, completamente diferente.

O novo álbum apresenta-nos oito faixas de pop psicadélica que encontram, nos anos 60 e 70, a sua inspiração, com músicas mais imediatas e temas que demonstram maior maturidade, em contraste com os dois álbuns anteriores.

Fonte: jm-madeira.pt

“Trabalhar nunca me fez bem nenhum / mas é melhor que ver o tempo a passar” é a frase que inicia este disco, um hino ao fim da adolescência e à entrada na fase adulta. É sobre isso que Tomás Wallenstein canta ao longo de todo o álbum. Enquanto há dois anos atrás, quando lançaram Pesar o Sol, os cinco membros da banda estudavam e a viviam em casa dos pais, chega agora a altura de enfrentar a vida adulta, sair de casa e ganhar a vida como podem.

“Amanhã Tou Melhor”, canção escolhida para apresentar o álbum ainda antes de este ser lançado, causou discordância entre os ouvintes. É a faixa mais pop do álbum, com harmonias de vozes e um misto de melancolia e alegria.

As incertezas e novas preocupações são temas cantados frequentemente, como em “Semana Em Semana” (“Se eu tenho o fisco à porta devo ser ladrão”) e, em “Os Dias Contados”, realça-se a emergência de crescer e ser independente para não “morrer debaixo das saias da mãe”.

São frequentes as influências audíveis de Beach Boys e Beatles ao longo de todo o álbum. Prova disso são músicas como “Semana Em Semana” ou “Corazon”. “Alvalade Chama Por Mim” fecha o álbum com uma espécie de despedida aos tempos áureos da juventude (“Nunca esquecer que a mocidade para nós chegou ao fim”) e marca uma nova fase na vida destes cinco rapazes.

Neste terceiro álbum, a voz de Tomás Wallenstein ocupa um lugar de maior destaque, em comparação com os dois discos anteriores. Os instrumentais são mais trabalhados e complexos, as músicas são mais lentas, porém menos prolongadas e as harmonias estão no lugar certo. Capitão Fausto Têm Os Dias Contados marca o desaparecimento dos ‘miúdos’ que, em 2011, lançavam o primeiro disco e a entrada numa nova fase, com um novo som que esperamos não ter os dias contados.