"Dark Bird Is Home", lançado em 2015, é o álbum mais recente de The Tallest Man On Earth. O sueco estará em Portugal, no Vodafone Paredes de Coura, em Agosto deste ano.
Qualquer coisa desperta cá dentro quando se ouve “Dark Bird Is Home”. Kristian Matsson, a voz do pseudónimo The Tallest Man On Earth, deixa transparecer neste seu trabalho um lado da sua personalidade que até hoje se desconhecia. A “olho nu” ouve-se um disco diferente dos anteriores. O registo continua a ser o indie folk, mas há algo muito diferente nesta novidade.
Uma voz sueca e sentida, mas simples, inspirada em Bob Dylan e Pete Seeger, com uns toques que se assemelham a Sam Beam, possui um encanto e uma personalidade que não tinha sido demonstrada nos seus trabalhos anteriores.
Apresentado em maio de 2015, o álbum difere dos seus antecessores na utilização de instrumentos. As duas eras de The Tallest Man On Earth identificam-se pelo uso de diferentes dinâmicas. Enquanto anteriormente, Matsson se entregava a temas mais crus e despidos, mais minimalistas, agora vemos que traz consigo uma banda que acompanha canções que pretendem levar-nos a lugares, a histórias, letras que nos fazem viajar em sonhos, nossos e dele.
Uma poesia introspetiva contrasta com os antigos lamentos que produzia. Agora tudo soa mais seu, mas é tão seu, que às vezes deixa de ser nosso. Em “Sagres”, ouvimo-lo cantar “It’s just all this fucking doubt”, uma das frases mais pessoais que podemos encontrar e, no geral, as suas músicas mostram solidão, a lucidez de uma solidão controlada, de uma solidão vivida por escolha própria.
Em “Slowdance”, ouvimos “We slow dance in the kitchen/ And I dream the days away”, linhas que fluem de uma voz, acompanhadas de uma guitarra, numa demonstração ao vivo que tem os seus momentos agridoces. À medida que a sua música evolui, Kristian Matsson constrói-se, mantendo-se o inocente e sorridente sonhador nas suas performances.
O single deste disco, “Dark Bird Is Home”, soa a uma canção de partida, não do fim de um livro, mas do encerramento de mais um capítulo em que houve coisas por dizer e por fazer, e esses fantasmas e memórias permanecem em cada um.
Embora a excelência deste artista seja inquestionável, também se pode constatar uma repetição da forma como as suas músicas se apresentam, melancólicas, tristes. Para o ouvinte que está no processo de descoberta pode ser um pouco enfadonho, mas quem admira este estilo acaba sempre por se tornar fã.
Todas as letras de Matsson mostram uma dicotomia, um conjunto de contrastes, entre luz e escuridão, entre paragem e viagem… e é essa a mágica do “homem mais alto da Terra”, levar-nos ao impossível através do folk.
(Almost) The Tallest Man On Earth
“Dark Bird Is Home”
The Tallest Man On Earth
Dead Oceans
2015