Um ano depois de Birdman (Or the Unexpected Virtue of Ignorance), Alejandro González Iñarittu traz-nos The Revenant, inspirado na história verídica do explorador americano Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) que, durante uma expedição nas profundas montanhas americanas é atacado violentamente por um urso e é abandonado pelos seus companheiros. Milagrosamente sobrevive aos ferimentos e parte à procura de vingança.

The Revenant é um “western” gelado, com bastante sangue, passado em inícios do século XIX, em terras reclamadas por índios, americanos e franceses. Depois de um ataque enraivecido por parte dos índios, a expedição de Glass e Fitzgerald vê-se obrigada a fugir por dentro das densas florestas de forma a despistar a tribo. É então que Glass é atacado por um urso que o deixa muito debilitado, praticamente moribundo. Os seus companheiros vêm-se aqui obrigados a tomar uma decisão: carregá-lo através da densa neve e terreno acidentado ou abandoná-lo. Leonardo DiCaprio interpreta um homem débil fisicamente mas concentrado em alcançar a sua vingança e assim honrar a sua família. Chega a ser doloroso assistir à performance do ator, tão grande foi a sua dedicação para este papel, tão distinto daqueles que habitualmente faz. Dedicação esta reconhecida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas Americana, no passado dia 28 de fevereiro, com a atribuição do primeiro Óscar do ator. Tom Hardy não ficou atrás de DiCaprio: a sua interpretação do implacável John Fitzgerald dá ao filme um outro carisma, tão típico de Hardy.

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Negativamente, há que referir a duração da narrativa: a história ao fim de algum tempo torna-se repetitiva e acabamos por continuar a ver o filme apenas para apreciar a impressionante cinematografia de Emmanuel Lubezki, visto que, durante a rodagem do filme a luz natural foi privilegiada e os resultados não poderiam ser melhores.

The Revenant é, assim, uma história simples, repleta de morte, dor e natureza… ah! e muita neve. Apesar de não ser má, não é a obra-prima que muitos esperavam.