Já ganhou tudo o que há para ganhar em Portugal. Reserva um lugar especial para a época na Liga dos Campeões de Andebol, onde foi eleito para o Sete Ideal. Aos 32 anos, trocou a capital por Braga e o pensamento é um só: aumentar o palmarés.
Mas vamos ao início. O gosto de Pedro Spínola pelo andebol demorou a aparecer. Antes de se decidir pela modalidade, jogou futebol, futsal, fez ginástica e natação, até que os amigos o convenceram a experimentar o andebol, no Alto Moinho. Foi preciso escolher entre jogar com as mãos ou jogar com os pés, e não se arrepende da escolha que fez.
“Nós estamos onde nos sentimos bem. Tinha amigos no futebol, claro que sim, mas os meus amigos de infância estavam todos no andebol, e era o clube da minha terra. Foi uma opção lógica.”.
Seguiu-se a mudança para o Belenenses, onde ganhou visibilidade na primeira liga durante cinco anos, até que rumou ao Norte, para o FC Porto. Esteve na Invicta desde 2009 até 2014, de onde saiu com cinco campeonatos, uma Supertaça e uma Taça da Liga. No último ano, foi nomeado para o Sete Ideal da Liga dos Campeões. Trocou o azul pelo verde e foi para o Sporting, de onde acabou por sair em janeiro deste ano, descontente por não ser primeira opção.
O internacional português chega assim ao ABC, uma nova experiência “refrescante” onde só pensa em ganhar.
A adaptação à equipa e à cidade de Braga não podia ter sido melhor. Segundo Spínola, “o acolhimento foi espectacular, pelas pessoas que trabalham no ABC, mesmo pela cidade, pelas pessoas que vêm falar comigo. Pessoas essas que eu não conheço, mas têm sido muito simpáticas, e, por isso, só tenho coisas positivas a dizer.”
O primeiro jogo de camisola amarela foi contra o Sporting, duas semanas depois de ter saído dos leões, em janeiro, acabando por derrotar a antiga equipa.
“Não guardo rancor nenhum pelo Sporting. A opção de sair do Sporting foi minha, porque acho que acima de tudo, temos de lutar pela nossa felicidade, seja no Sporting ou agora em Braga. Achei que sair era o mais indicado para mim e, como tal, optei pelo ABC.”, justifica.
Os melhores momentos do internacional português foram no FC Porto. O próprio o diz. Fez parte da longa hegemonia dos portistas que alcançou o hexacampeonato mas, sobre a sua estadia no Dragão, destaca a presença na Liga dos Campeões Europeus.
“É outro nível. Quem está no andebol, e quem joga na Liga dos Campeões, percebe realmente o que é o andebol, não em Portugal, mas lá fora. Fazer parte do Sete Ideal da Liga dos Campeões é algo de que me orgulho muito, e sempre me vou orgulhar.”
Aos 32 anos o atleta português não pensa já no fim da carreira, mas não descarta a possibilidade de seguir as pisadas de Carlos Resende, como treinador de Andebol.
Para Spínola, o andebol em Portugal está a melhorar, mas ainda há muito trabalho a ser feito. “Já passei por vários clubes e acho que, fora algumas excepções, os clubes em Portugal precisam de pessoas que estejam mais relacionadas com o andebol, que saibam o que é estar deste lado”, atira.
Texto: Hélio Carvalho e Tiago Ramalho
Imagem: João Ribeiro e Pedro Gonçalo Costa