“Perdido em Marte”, o filme de ficção científica com uma pontuação de 8.1 no IMBD e que contou com 7 nomeações para os Óscares da Academia. Arrecadou um total de 31 prémios, entre os quais o globo de ouro de melhor actor e melhor filme de comédia. A longa-metragem dirigida por Ridley Scott e baseada na obra de Andy Weir é protagonizada por Matt Damon. Foca a luta pela sobrevivência de um astronauta botânico que, tal como o título indica, ficou perdido em Marte após a sua equipa efectuar uma descolagem de emergência no seguimento de uma tempestade.

Um guião preenchido de monólogos corre sempre o risco de cair na monotonia. A equipa técnica, como forma de ultrapassar este obstáculo, recorre maioritariamente a três técnicas: A criação de diários de bordo nos quais Mark Watney (Matt Damon) relata cada decisão que toma na sua vida no espaço; a forma como ele fala nesses monólogos: a personagem é dotada de um sentido de humor amplo e por vezes auto depreciativo, provocando o riso na plateia, mesmo estando este a falar ‘sozinho’; por fim, num panorama mais técnico, os episódios de Mark em Marte são intercalados com cenas da equipa da NASA na Terra, seguindo os planos que vão elaborando para a missão de resgate.

A banda sonora é um elemento fulcral em qualquer obra cinematográfica. As músicas de dança dos anos 70 que Mark encontra na caixa de um dos membros da tripulação servem de banda sonora para todo o filme. Considero que esta trilha sonora tem vida própria, como se esta fosse uma personagem. Mark está isolado e, por vezes, segue em missões de algum perigo que contrastam com músicas como Turn The Beat Around (Vicki S Robinson) e Hot Stuff (Dona Summer).

Apesar de a comédia e da música terem a sua relevância, este filme não deixa de estar subordinado à categoria de ficção científica. Um dos maiores riscos que se corre neste género de filmes é o de ultrapassar a barreira do credível, do realista (dentro do paradigma da série) e do que é explicável. Em ‘’Perdido em Marte’’ há um cuidado em explicar todos os avanços científicos, quer de Mark, como da NASA, de forma sucinta, mas detalhada o suficiente para o espectador não ‘’perder o fio à meada’’. Scott teve mesmo consigo alguns membros da NASA que o ajudaram a manter o mínimo de rigor científico. Este filme é visto como um futuro próximo, em que, a nível tecnológico, não vai muito além daquilo que temos disponível actualmente.

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Os efeitos visuais valeram-lhe a nomeação para o Óscar desta mesma categoria. Apesar de não ter levado a estatueta dourada para casa, “Perdido em Marte” não deixa de merecer elogios na forma como empregaram efeitos tanto na quantidade, como na qualidade. Realço as paisagens do planeta vermelho que nos fazem facilmente esquecer que são fruto de efeitos visuais.

Infelizmente, “Perdido em Marte” não é daqueles filmes que nos deixam colados ao ecrã durante todo a sua duração, também culpa das suas quase duas horas e meia.  Apesar de tentarem criar algumas reviravoltas e obstáculos, a linha emocional não deixa de ser muito equilibrada e o desfecho é previsível desde o início do filme. Outro aspecto que não desperta interesse é o título: ‘’Perdido em Marte’’, criando na nossa cabeça um cenário idêntico a Gravity, ou seja, soa a apenas mais um filme no espaço.