“Deadpool” é o mais recente filme de super-heróis lançado pela Marvel e, talvez, o mais esperado do ano. Ryan Reynolds assume Deadpool novamente depois do falhanço que marcou a sua aparição no filme “X-Men Origins” (2009) e de uma má actuação no filme “Green Lantern” (2011).

Este filme retrata a história de uma personagem marcada pela sua irreverência e que se distancia totalmente de todos os super-heróis, tanto na banda-desenhada, como neste filme. Isto é visível aquando a quebra constante da 4º parede e na utilização de bastante humor negro e one-liners. Na banda-desenhada, Deadpool limita-se a destruir o universo “Marvel”, enquanto que, neste filme, a história concentra-se num plano de vingança.

Deadpool é um anti-herói adorado por milhões de pessoas que aguardaram com grande expectativa este filme. Expectativa esta que cresceu exponencialmente nos meses anteriores ao lançamento do filme, graças a uma campanha de marketing nunca antes vista. Ryan Reynolds queria redimir-se e fazer jus à personagem que encarou e, por isso, apareceu em dezenas de peças de conteúdo adicional e “atacou” fortemente as redes sociais. De vídeos a ensinar os homens a tocarem-se para prevenir cancro testicular a billboards que publicitavam Deadpool como um filme romântico – muito por culpa da sua data de lançamento no dia dos namorados – o resultado final foi uma campanha de marketing que levaria o filme a quebrar recordes de bilheteira.

Mas o melhor foi deixado para o grande ecrã onde fomos apresentados a esta personagem e a um filme francamente aberto. Um filme que se apresenta logo na abertura como “mais um filme de super-heróis”, com “mais um vilão com sotaque britânico” e com “mais uma personagem gerada por CGI”. Apresenta-nos, desde o primeiro momento, muita acção e violência a um nível raramente visto. Apesar disso, tudo isto é utilizado de um modo bastante criativo, juntamente com flash-forwards e flashbacks, que acabam por complementar bastante bem o desenrolar da história.

Durante o filme são utilizadas imensas técnicas de filmagem que, consequentemente, conseguem que “Deadpool” se mantenha fresco e longe de ser repetitivo, segmentando muito bem o filme e explicando bem a história. Ryan Reynolds, por sua vez, é brilhante neste papel, não por ser uma actuação particularmente difícil, mas porque consegue encarar a personagem que toda a gente, incluindo o actor, nutrem tanto entusiasmo.

Deadpool está longe de ser maluco; a palavra certa para o descrever seria maníaco e isso transparece para o grande ecrã, seja pelas suas ações ou pelo humor utilizado. É um filme que, apesar de gozar com tudo, mesmo nos momentos mais inesperados e inapropriados, tem um humor que funciona surpreendemente bem, embora nem todas as piadas funcionem  para um público internacional.

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No entanto, está longe de ser um filme perfeito. O vilão não é memorável e não oferece um desafio épico como temos sido habituados por outros filmes de super-heróis. Há partes do argumento que deixam a desejar ou que não foram exploradas totalmente e a história não tem uma magnitude muito grande, reflectindo-se no final do filme. A adição de dois super-heróis dos “X-Men” tenta colmatar esta falha, mas não proporciona o efeito desejado e Deadpool chega até ao ponto de  perguntar se estes são os únicos “X-Men” que o estúdio conseguiu pagar.

Deadpool não é um filme feito para ganhar prémios ou para ser memorável, mas irá servir como rampa de lançamento para filmes “R-Rated” no futuro. Além disso, serve um bom propósito: entreter o público e, embora seja um filme muito bem conseguido e de acordo com as expectativas, não é um filme para todos, muito menos para os filhos que são arrastados pelos pais para o cinema.