As capas negras encheram as ruas de Braga. Não eram dois, nem três os estudantes que se alinhavam em marcha. Foram centenas os que vieram desde Gualtar em direção ao centro da cidade para enterrar a gata à sexta-feira.
O começo da concentração foi marcado, pelo já habitual Velório da Gata, presidido pelo OPUMDEI – Ordem Profética da Universidade do Minho. Às 23h00, a procissão abandonou a estação ferroviária de Braga e seguiu até à reitoria da Universidade do Minho. Em fila, centenas de estudantes caminharam com o traje vestido e a emoção ao peito.
A chuva não foi entrave para os jovens que, em procissão, acompanhavam o caixão da gata, entoando cânticos até ao Largo do Paço. E foi no palco central que se anunciou: “A Gata Morreu”. E com esta frase foram oficialmente abertas as festas do Enterro da Gata de 2016.
Terminado o Velório da Gata e toda a tradição que o envolveu, deu-se início ao “sublime momento majestoso” – as Monumentais Serenatas. Para uns o entusiasmo da primeira serenata, para outros a nostalgia dos anos que passaram. As lágrimas, que acompanhavam os abraços apertados daqueles que entre si construíram fortes laços de amizade e companheirismo, apareceram na hora de traçar as capas. Ao fundo, apenas se escutava a música que soava das guitarras portuguesas do Grupo de Fados de Coimbra.
“É uma experiência bonita, uma tradição engraçada, e estou a viver isso. Já estávamos à espera deste momento há algum tempo e foi bonito chegarmos todos juntos aqui”, revelou Eduardo Costa, aluno do 1º ano de Física, que vestiu o traje pela primeira vez. Ao lado, o seu padrinho de praxe, José Miguel, do 3º ano, confessou que traçar a capa ao seu afilhado é “um sentimento muito especial”. “É um orgulho passar o testemunho. Sem dúvida que é uma noite marcante”.
A chuva, que veio para estragar a envolvência do Velório e das Serenatas, deixou de incomodar quem lá estava. Havia um tricórnio e uma capa para proteger. E o que interessava era a saudade dos momentos que se tornaram, numa noite, passado.
“Um momento marcante para todos, principalmente para os finalistas”, disse a estudante Sandra Machado, do 3º ano de Química. Porque “estes anos são viagem”, como diz o hino da academia minhota, e esta foi mais uma etapa do percurso.