A terceira noite de concertos do Enterro da Gata 2016 contou com a presença da banda portuguesa We Trust como cabeça de cartaz. Em entrevista ao ComUM, o vocalista do grupo, André Tentugal, demonstrou satisfação em voltar a animar as festas da academia minhota e aproveitou para deixar uma mensagem a todos os estudantes da Universidade do Minho.
ComUM: Como te sentes por voltar às festas académicas da Universidade do Minho?
André Tentugal: É sempre um prazer voltar a Braga. Somos sempre bem recebidos. Aqui há claramente muita gente que gosta dos We Trust, então é sempre fixe voltar. Tocar para estudantes, pessoas mais novas, com uma energia forte, é muito bom e muito gratificante. Chegar aqui e ver que tanta gente conhece as nossas canções é super fixe. Espero voltar em breve.
ComUM: Sentes que o público já conhece as vossas músicas?
André Tentugal: Sinto que cada vez mais as pessoas vão associando as canções à nossa banda, ou seja, há pessoas que conheciam o “Better Not Stop”, pessoas que descobrem a “We Are The Ones”, e de repente começam a associar. E depois vão descobrir outras canções. Sentiu-se muito isso. Não ficamos presos àquela ideia de one-hit wonder. As pessoas foram descobrir outras canções e gostaram. Tem sido isso que tem acontecido. Espero que no terceiro disco isso amplie e que as pessoas descubram mais canções. Há muita gente que ainda não sabe que os We Trust é a banda daquelas canções e que é uma banda portuguesa. Ainda há muito caminho a ser feito, mas tem vindo a ser gradual e sinto que está a crescer.
ComUM: Os We Trust assumem o indie pop com uma sonoridade composta por vezes por uma orquestra e por instrumentos clássicos, o que não é comum em artistas portugueses. Quais são as vossas influências?
André Tentugal: Neste disco, quis fazer algo mais orquestral do que no primeiro. O primeiro era mais indie rock. Foi composto à guitarra. Este disco compus quase todo ao piano e as guitarras foram postas um bocado de parte. Depois, a orquestra. Eu sempre tive o sonho de gravar com uma orquestra sinfónica porque gosto muito de bandas sonoras. Então, decidi fazer arranjos para orquestra, convidar uma para gravar connosco e ampliar um bocadinho o nosso som e fazer um disco concetual com muitos arranjos fora da moda. Os discos de hoje em dia são um pouco mais minimais. As bandas procuram formatos mais pequenos porque não há tanto dinheiro e vão para a estrada com menos elementos. Mas eu, como tenho que ser fiel à vontade e àquilo que quero fazer, decidi fazer um disco como me apetecia. Um bocadinho megalómano, mas era o que me apetecia fazer neste momento. Não quer dizer que o próximo disco tenha estes arranjos. Vamos ver. Depende do que me apetecer fazer na altura.
ComUM: O disco Everyday Heroes tem como pano de fundo as pessoas e as experiências. Quem foram os heróis que inspiraram as letras?
André Tentugal: Para mim, há dois tipos heróis neste disco: as pessoas que fizeram dos We Trust aquilo que nós somos e as pessoas que têm apoiado a banda. Mas o grande herói deste disco é o cidadão comum, que todos os dias sai da cama de manhã, toma banho, toma o pequeno-almoço, vai trabalhar, vai cumprir a sua missão. São importantes esses feitos que cada um faz no seu dia-a-dia. Para mim, esses são os everyday heroes.
ComUM: Tens alguma mensagem para os estudantes da Universidade do Minho?
André Tentugal: Estudem, não se baldem. O conhecimento é uma coisa importante. Sejam amigos dos vossos amigos e, acima de tudo, acreditem. Quando uma pessoa acredita, as coisas são possíveis. Parece um clichê, mas eu acredito mesmo nisso. Quando uma pessoa quer realmente uma coisa, vai consegui-la. É só uma questão de tempo. É continuar a acreditar, não desistir e lutar por aquilo que nós sonhamos. As coisas vão acontecer mais cedo ou mais tarde.