Com o primeiro álbum “Via” prestes a ser lançado, André Viamonte, que ficou conhecido após a sua participação no programa Factor X, afirma que o álbum nos traz “o percurso de vida de alguém”. Com o objetivo de criar canções que cheguem ao coração das pessoas, o single de apresentação deste álbum é “MyselfTown”, que é um tema que representa “um resgate de felicidade”. O seu álbum será apresentado ao vivo no próximo dia sete, no Teatro Ibérico, em Lisboa. Para conhecer mais pormenores acerca deste “Via”, o ComUM esteve à conversa com André Viamonte.

ComUM: O que nos traz este álbum de estreia – “Via”?

André Viamonte: Traz-nos o percurso da vida de alguém. A vida, o espaço de tempo entre a conceção e a morte de um Ser, um crescimento com todas as emoções e experiências que um ser humano atravessa ao longo da vida. Cada tema retrata a maioria dessas emoções e estados de espírito. É a banda sonora de uma vida que representa cada um de nós!

ComUM: Qual a história escondida por detrás deste primeiro álbum? De onde surgiu a inspiração para o criar?

André Viamonte: Sendo musicoterapeuta recorri muito aos processos terapêuticos que passaram pelo meu consultório. Como artista, percebi que era muito importante anexar esses mesmos processos ao meu processo de compositor. Como terapeuta tive que ser honesto e trazer todos esses casos para a luz do dia, dando à comunidade a oportunidade de se poder identificar com as mesmas temáticas, podendo dessa forma criar uma mobilidade emocional. Este álbum é para as pessoas que o ouvem em casa ou nos concertos, mas também para aqueles que foram alvo da minha atividade clínica.

ComUM: Que feedback tem recebido em relação ao álbum? Acha que tem conseguido mexer com o coração dos portugueses?

André Viamonte: Até agora o feedback tem sido muito positivo! Existe muito reconhecimento, principalmente de pessoas que ao ouvirem o álbum afirmam o quão necessário é voltar a sentir emoções. Na sociedade de hoje as pessoas são levadas a esconderem o seu interior, e criam uma casca tão dura que por vezes nem eles próprios conhecem a sua verdadeira identidade. Sinto um prazer enorme quando sei que as minhas canções conseguem despertar nas pessoas algumas emoções que estão escondidas. E felizmente isso tem acontecido com frequência.

“Na sociedade de hoje as pessoas são levadas a esconderem o seu interior, e criam uma casca tão dura que por vezes nem eles próprios conhecem a sua verdadeira identidade.”

ComUM: O single de apresentação “To MyselfTown” é uma dedicatória à “cidade que mora em [si]”. Qual a mensagem que pretende transmitir àqueles que o ouvem?

André Viamonte: Que derrubemos muralhas e construamos liberdades. Ou seja, vemo-nos escravos de tabus e crenças que adquirimos por pressão da sociedade. À medida que crescemos, percebemos que muitas delas não são adaptadas à nossa essência nem à nossa realidade. Contudo, apesar de sentirmos isso, não conseguimos sair desse círculo vicioso.

O tema representa um resgate de felicidade. Que nas adversidades se encontrem experiências que levem à felicidade e à libertação desses tabus.

ComUM: Mariza afirmou que Portugal não está preparado para uma voz como a sua. Como se sente em receber um elogio destes de uma das maiores fadistas portuguesas de todos os tempos?

André Viamonte: Uma felicidade “realista”. Por um lado é bom sermos reconhecidos por alguém com a dimensão da Mariza, por outro lado é saber que o público português, de facto, poderá não estar preparado para este tipo de sonoridade ou temática.

ComUM: De que forma é que a participação no Factor X, em 2013, influenciou a sua carreira musical?

André Viamonte: De nenhuma forma. O André Viamonte não se revê naquela participação, ou naquele tipo de concursos. Foi algo que aprendi experimentando aquele formato televisivo. Não me arrependo de ter participado, mas é algo que não recomendo a nenhum cantor. Aqueles programas não servem para o crescimento de um músico. Servem apenas para cimentar audiências dos canais e dos seus patrocinadores. Não sinto que sirvam os artistas, mas servem-se dos artistas.

ComUM: Enquanto artista, quais os objetivos que tem para o futuro?

André Viamonte: Continuar a ser eu mesmo, criar canções e chegar ao coração das pessoas, uma de cada vez. É o público que define o futuro, e os objetivos serão criados em função dessa aceitação.