Nasceu em 2005 e o álbum de estreia, “Diary of a No”, colocou-o num lugar de privilégio na cena da música rock/metal gótica. Seguiu-se uma colaboração com a Federação de Doenças Raras de Portugal e a internacionalização. Em 2011, o segundo álbum, “Loneliness still is the friend”, é considerado um dos mais importantes do ano. Agora, cinco anos depois de pausa, é lançado o single “The Name of Love”. O apanágio melancólico mantém-se, mas o som elétrico dos primeiros tempos quase desapareceu. O projeto chama-se Urban Tales e o mentor é Marcos César. Com o novo single disponível nas plataformas digitais desde o mês passado, Marcos César falou ao ComUM sobre o novo desafio.
ComUM: O single The Name of Love não se enquadra no estilo rock/metal que caracterizou os Urban Tales durante anos. Sente que a nova sonoridade pode dececionar as expectativas dos fãs? Ou trata-se de uma evolução natural?
Marcos César: Sim, tenho a consciência que poderá dececionar os fãs mais acérrimos do rock/metal, mas também penso que poderá chamar à atenção a novos fãs, como já está a acontecer. A resposta ao novo single tem sido fantástica. Por isso, a mudança, apesar de “brusca”, está a ser bem aceite.
ComUM: Por quê a paragem e por que razão sentiu a necessidade de inovar?
Marcos César: Depois do segundo álbum, senti a necessidade de fazer algo diferente do estilo rock/metal gótico. Não queria que neste novo trabalho estivesse “acorrentado” a um estilo, mas também não sabia o que queria fazer ao certo. Foi preciso algum tempo de pesquisa, tentativa, procura. Depois também entrei no mundo da produção e ‘mixagem’ para outras bandas, o que me levou a afastar um pouco do meu próprio projeto. Sempre que tinha algum tempo livre ia fazendo as minhas músicas, daí ter demorado tanto tempo.
ComUM: Urban Tales é agora um projeto e não uma banda. Nesta nova etapa, já não se faz acompanhar por músicos fixos. Isso pode ser um problema em termos de conciliação de horários ou, por outro lado, considera que essa diversidade vem acrescentar algo à sonoridade?
Marcos César: Apenas estou a fazer o que a maior parte dos músicos faz. Sendo os Urban Tales um projeto e não banda, posso sempre convidar músicos para estarem comigo numa situação necessária. Alejandro Sanz, Damien Rice, entre tantos outros músicos internacionais e nacionais, não têm banda fixa, mas músicos que os acompanham e mesmo os que são ao vivo não são obrigatoriamente os que gravaram os álbuns e vice versa.
ComUM: O álbum de estreia, Diary of a No, foi distribuído mundialmente. Como é que viveu essa experiência?
Marcos César: Com muita felicidade. O álbum foi bem recebido mundialmente. Alcançou coisas que nem eu estava à espera.
ComUM: O videoclip de lançamento do The Name of Love conta com as participações de atores como Erik A. Williams e Tracy Burr. A capa do single ficou a cargo de Dagur Jonsson. São sinais de uma nova internacionalização?
Marcos César: Se assim for, bom, mas não é algo que procuro. Conheci essas pessoas ou por algum conhecido em comum ou por sorte. No caso do Erik e da Tracy, como a música já estava praticamente feita e era em inglês, tinha lógica que os atores que fizeram as vozes também o fossem.
ComUM: Há alguma banda ou músico que inspira as músicas dos Urban Tales?
Marcos César: Muitos para ser sincero… Cada vez mais oiço música de diferentes estilos. Mas Damien Rice continua a ser o artista que até hoje nunca me desiludiu com qualquer trabalho que tenha feito. Não quer dizer que o meu álbum ou música vá soar assim, mas sempre poderá servir como inspiração aqui e ali.
“Todas as ‘pequenas’ ou ‘grandes’ coisas que se vão alcançando já são motivos de celebração”.
ComUM: Passados 11 anos da formação do Urban Tales, o projeto é como o imaginava? O que é que ainda falta fazer?
Marcos César: Falta e irá sempre faltar algo a alcançar com os Urban Tales ou mesmo na produção. Contudo, nem tudo depende de mim ou da minha música: o que posso fazer é libertá-la e esperar que corra tudo pelo melhor. Todas as “pequenas” ou “grandes” coisas que se vão alcançando já são motivos de celebração (o caso de ter alcançado o primeiro lugar do top iTunes, ou de ter assinado pela Farol). O facto de ainda, passado 11 anos, estar com os Urban Tales a fazer música que ainda passa nas rádios é um motivo de felicidade.