Quando a música contemporânea e a cristandade se uniram em Portugal, nasceu o projeto Kyrios. O nome que o batizou é o mesmo que os gregos usam como título de honra para se referirem a Deus. Estávamos em 1996 e a banda experimental procurava um lugar no mercado nacional. Inicialmente sem a componente dos concertos, os Kyrios foram passando por vários estilos, incluindo as baladas e o rap. 20 anos depois do lançamento de “Um Projeto de Vida”, as plataformas digitais são o palco que se segue, através da reedição dos CD’s que marcam a história da banda. A vocalista Isabel Cardoso esteve à conversa com o ComUM.

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ComUM: Quando os Kyrios surgiram, afirmaram que o objetivo era criar músicas com uma “mensagem positiva, assente em valores cristãos”. 20 anos depois, consideram que o propósito foi cumprido?

Isabel Cardoso: Sim, o objetivo foi cumprido: a partir do momento em que temos o feedback do público, dizendo-nos que a nossa música ajudou em algum momento da sua vida, dando esperança… Os valores cristãos estão evidentes nas letras de Miguel Cardoso.

“As canções que foram feitas continuam a fazer sentido hoje.”

ComUM: O que é que mudou entre 1996 e hoje?

Isabel Cardoso: O projeto está parado há alguns anos, mas, ainda assim, sentimos que as canções que foram feitas continuam a fazer sentido hoje.

“Tudo o que tu precisas está dentro de ti.”

ComUM: Os Kyrios estão associados não só à religião cristã, mas também a causas sociais. Se tivessem que associar um lema ao vosso projeto, qual seria?

Isabel Cardoso: “Tudo o que tu precisas está dentro de ti”.

ComUM: “Kyrios” é uma expressão que os gregos utilizaram para se referirem a Deus. De que forma é que essa humildade se reflete nas músicas da banda?

Isabel Cardoso: A humildade do projeto transparece no facto de nós não pretendermos ensinar ou impor nada. Transmitimos os valores que para nós são importantes, mas de uma forma leve e despretensiosa. As pessoas são livres de ter a sua opinião e de se identificarem ou não com o projeto.

ComUM: Como é que se desenrolou o processo de composição dos temas?

Isabel Cardoso: Numa fase inicial, convidámos vários músicos para compor para o projeto do primeiro CD. A partir do segundo trabalho, já existia uma banda para fazer concertos e os próprios músicos da formação ajudaram na composição dos temas. As letras ficaram, sempre e maioritariamente, a cargo do Miguel Cardoso. Habitualmente começamos por fazer a letra e depois trabalhamos a música.

ComUM: A Igreja apoia o projeto, de forma oficial? Há parcerias com a Igreja, na organização de espetáculos, por exemplo?

Isabel Cardoso: Sentimos sempre o apoio de várias comunidades e grupos que nos convidaram para atuar.

ComUM: Qual é o lugar da música cristã em Portugal?

Isabel Cardoso: Ainda há um longo caminho a percorrer. Existem algumas bandas, mas não conseguem ter grande visibilidade nos circuitos comerciais.

ComUM: Que tipo de público vos acompanha?

Isabel Cardoso: Sempre foi muito transversal.

ComUM: Um dos projetos que apresentaram para este ano foi a edição de um songbook com as letras das músicas e os acordes. Isto pode ser visto como uma forma de se aproximarem do público?

Isabel Cardoso: Sim, mas, essencialmente, uma forma de continuar a evangelizar, facilitando o uso dos nossos temas.

ComUM: O que é que ainda falta fazer aos Kyrios?

Isabel Cardoso: Neste momento, lançar os restantes trabalhos em suporte digital, para chegar a mais pessoas.