Atleta, treinador-jogador, treinador. Adriano Paço foi tudo isto durante a época que terminou ao serviço do Vitória SC. Depois da saída de Allan Cocatto em Novembro, o internacional português acumulou as funções de treinador, alcançando o sexto lugar no campeonato.

Mas antes do Adriano Paço de hoje em dia, convém lembrar o menino de Viana do Castelo que seguia as batalhas do pai, também ele jogador de voleibol. “Comecei com oito anos por influência direta do meu pai, que foi o meu primeiro treinador e era jogador no Vianense”, conta.

Internacional pelas seleções jovens, mostrou credenciais em alguns dos mais importantes clubes portugueses. No entanto, há uma pergunta que acaba sempre por surgir quando se analisa o percurso de Adriano Paço: Então e títulos?

Ao longo da carreira, o vianense não conquistou um único campeonato nacional. Nada que lhe tire o sono, pois explica que preferiu jogar em clubes onde assumisse “um papel mais determinante”.

Castêlo da Maia, Fonte do Bastardo, Vilacondense, Leixões e Vitória SC foram algumas das equipas que Adriano Paço representou. Confessa que todos eles lhe dizem “alguma coisa”, mas o Vitória, por culpa dos anos passados em Guimarães, é “o clube que tem mais significado”.

A seleção nacional também tem um significado especial para o vianense, já que somou 93 internacionalizações AA de “quinas” ao peito. Adriano destaca o quarto lugar no Campeonato do Mundo de sub-17 e a histórica presença lusa no Mundial da Argentina – oitavo lugar -, em 2002, que considera “uma daquelas coisas que só acontece uma vez na vida”.

A paixão que o antigo internacional nutre pelo voleibol faz com que seja estranho perspetivar um futuro sem praticar a modalidade, mas admite que possa ser “difícil” voltar para dentro das quadras. “Eu acho que não sou pessoa para deixar completamente de jogar, está na minha natureza. Sempre que posso estou no treino, participo no treino nem que seja em situações especificas”, atira.

Os anos a praticar este desporto fazem com que tenha uma postura crítica em relação ao estado do voleibol em Portugal. O timoneiro vimaranense culpa a crise e a falta de apoios para o “nível inferior” apresentado, mas acredita que a mudança de paradigma levou à afirmação de jovens jogadores portugueses.

Adriano aponta ainda que “a nível nacional é difícil trazer os atletas para a modalidade” como no futebol. “Talvez se houvesse mais apoios da federação poderíamos estar melhor, mas não sei a resposta exata a isso”, remata.

Esta temporada, o Vitória alcançou a sexta posição, mas o percurso da turma vimaranense esteve longe de ser pacífico. A conquista de apenas três triunfos nos primeiros dez jogos levou à saída do técnico Allan Cocato, que acabou por ser substituído por Adriano Paço. O internacional português assume que “se calhar as coisas não estavam a correr bem”, mas não esquece o que o seu antecessor “já deu ao clube”.

Adriano teve assim de acumular duas funções – treinador e jogador -, o que “numa primeira fase foi impossível de conciliar”, pois sentiu que “a equipa precisava de alguém estar fora a apoiá-la”. A mudança acabou por dar frutos, já que com o vianense ao leme o Vitória afastou-se dos lugares mais baixos da tabela classificativa, acabando por terminar a prova no sexto lugar. Apesar dos objetivos delineados no início da época, Adriano classifica o sexto lugar como um resultado “muito bom”, tendo em conta as circunstâncias que envolveram a equipa.

A próxima temporada ainda vai longe, mas o futuro de Adriano Paço será ao leme da equipa vimaranense. A luta por voos mais altos é algo presente na mente do técnico que avisa: “Quando aceitei ser treinador não foi para lutar pela manutenção”.

Texto: Francisco Teixeira e Nuno Leite

Imagem: Norberto Valente e Daniel Azevedo