Autor, compositor, vocalista e multi-instrumentista, Danniel Boone continua a investir no álbum “And Now You”, com o projeto OWAN (Out With a New). Depois de um EP (Extended Play) em 2007, que o levou a showcases, seguiu-se uma paragem. Foi o momento da composição de alguns temas e maturação de outros. Chegados a 2013, o projeto recebeu os músicos Mike More e Telmo Oliveira e aliou-se ao produtor Quico Serrano. O resultado, entre uma gravação e outra no Estúdio da Aguda, foi a criação do CD que agora está disponível nas plataformas digitais. Para Danniel Bonne, trata-se de uma oportunidade de deixar “algumas mensagens”, enquanto os dias correm de forma voraz.

13555596_792717724162116_1707448981_o

ComUM: A capa do álbum parece uma bomba-relógio feita de pedais de guitarra. Foi a passagem do tempo que levou os OWAN a gravarem o disco? Estiveram algum tempo parados…

Danniel Boone: Sim, é verdade. O projeto esteve muito tempo parado. Foi um período em que aconteceram muitas coisas nas vidas de todos que faziam parte dos OWAN e no fundo precisávamos de definir caminhos, não só o da banda, como também o de nós próprios. Com o passar dos anos fui sentido a necessidade de criar, embora tenha tido momentos em que pensei nunca mais regressar à música e, em certo momento, já com uma outra maturidade musical, desejei gravar um álbum para poder deixar algumas mensagens. Felizmente a vida proporcionou-me essa oportunidade.

ComUM: Qual é a mensagem por detrás do nome escolhido para o álbum?

Danniel Boone: A mensagem passa um pouco por não nos esquecermos de nós… de lutarmos pelo que queremos e não deixarmos as coisas andarem sem rumo… Não é por acaso que a capa do álbum simboliza uma “bomba-relógio”, é que um dia o tempo acaba… claro que para mim tem um outro significado que fui escrevendo no álbum… algumas mensagens…

ComUM: Entre o EP lançado em 2007 e este “And Now You”, o que é que mudou?

Danniel Boone: Mudou tudo… não fosse o álbum “And Now You” produzido pelo Quico Serrano (risos). E foi um álbum trabalhado no seu todo, houve um cuidado nas letras, para as quais contei com a preciosa colaboração da minha “voice coach and lyrics advisor” Inês Vicente. Para além disso, tem muita mais maturidade musical não só a nível de composições e de orquestrações, mas também a nível vocal.

ComUM: Como avalia a colaboração com o Quico serrano?

Danniel Boone: Ter a oportunidade de conhecer e trabalhar com o grande maestro Quico Serrano é de qualquer músico ficar com um sorriso de orelha a orelha. Foi uma experiência única. Uma escola como, aliás, o próprio Quico o dizia. Aprendi muito e o melhor é que continuo a aprender. Sem dúvida nenhuma que o considero o meu mentor. Neste momento estamos a trabalhar novos temas e felizmente posso dizer que o produtor dos mesmos chama-se Quico Serrano.

ComUM: Voltando ao álbum agora lançado… Apresentaram-no como estando num registo “pop/rock escrito com alma e com histórias”. Há traços autobiográficos nas composições?

Danniel Boone: Não gosto muito de abordar este assunto (risos), mas sim, é verdade, há muitos traços autobiográficos. É sem dúvida uma vontade e a melhor maneira de me expressar.

ComUM: Quanto ao single “Pretend”, por que é que, tantas vezes, nos sentimos sós no meio de multidões?

Danniel Boone: Não deveria ser assim… Mas é uma realidade. Foram várias as vezes em que me senti assim. E penso que no fundo todos nós temos esses momentos menos bons. Por isso escrevi o “Pretend Seconds” (risos) … o segundo ato do “Pretend”.

ComUM: E é correto dizer-se que podemos encontrar nos temas uma alusão à sonoridade dos Nirvana? Senti isso com o “It’s like Broken Glass”…

Danniel Boone: As opiniões são sempre válidas. O curioso é ver que as pessoas vão tendo opiniões diferentes. Umas dizem que temos influências de uma banda, outras de outra… Mas, no fundo, acaba tudo por fazer sentido, porque somos sempre influenciados por toda a música que ouvimos e com a qual nos identificamos. E nesse ponto os Nirvana estão dentro. (risos)

“O formato físico obriga a mais um encargo financeiro.”

ComUM: O “And Now You” está agora disponível nas plataformas digitais. Porquê essa opção?

Danniel Boone: É a opção lógica. Teres o álbum físico e teres o álbum disponível nas plataformas digitais. Por vezes as bandas só disponibilizam o álbum no formato digital, uma vez que o físico está a perder força e obriga a mais um encargo financeiro.

ComUM: O álbum também passa em mais de 90 estações de rádio, mas não estamos a falar do circuito mainstream. Torna-se mais difícil chegar ao público quando assim é?

Danniel Boone: Sem dúvida que assim se torna mais difícil, mas chegamos lá. Mas o que importa salientar é o contributo de cada rádio que passa a nossa música, que nos ajuda a dar a conhecer ao público em geral os OWAN.

ComUM: Os temas são cantados em inglês. É uma forma de chegar ao mercado internacional?

Danniel Boone: A opção de cantar em inglês não se prendeu com esse intuito, mas logicamente que este género musical cantado em inglês terá sempre maiores probabilidades de chegar ao mercado internacional.

“O mais importante é teres uma força de vontade do tamanho do mundo.”

ComUM: Já revelou que o nome, OWAN (Out With A New), é uma referência à aventura que é o lançamento de uma banda. Em Portugal, a indústria musical é uma selva?

Danniel Boone: Acho que a indústria em Portugal é como em qualquer outro mercado, mas numa escala mais pequena, o que acaba por fechar mais o circuito e muitas bandas ficam à margem. Mas o mais importante é saberes aquilo que queres, teres maturidade suficiente para ouvires um não e, acima de tudo, teres uma força de vontade do tamanho do mundo e acreditares naquilo que fazes. Os milagres acontecem.

ComUM: Que mensagem quer deixar aos seus filhos com este projeto?

Danniel Boone: Quero deixar ao meu filho e à minha filha mensagens de vida para que eles as possam ouvir mesmo depois de eu partir… Podendo assim estar mais presente… Junto deles e de uma certa maneira os ir aconselhando. Em alguns temas conto-lhes histórias, não de embalar como fazia quando eles eram bebés, mas vivências que tivemos juntos. Eu tenho um orgulho enorme no Rodrigo e na Beatriz e tenho a felicidade de os ter em tela nos vídeos dos OWAN. O Rodrigo entra no “One Day You Will Realize” e a Beatriz no “You”.