A banda portuguesa Deolinda chegou e encantou o Theatro Circo, esta sexta-feira, pelas 22h00. Numa noite quente de verão, e de regresso a Braga, o grupo trouxe na bagagem temas do mais recente álbum, “Outras Histórias”, que serve de mote à sua digressão nacional.

Faltavam 20 minutos para a hora do espetáculo e já uma multidão, formada também por espectadores espanhóis, aguardava no hall de entrada do Theatro Circo. Logo que as portas se abriram, a sala rapidamente se encheu.

Cinco minutos após as 22h00, os três elementos masculinos da banda subiram ao palco e soltaram os primeiros acordes. Da escuridão, surgiu a voz límpida que todos esperavam. Num ambiente intimista, Ana Bacalhau cantou “rodopia, rodopia e o quarto é uma praça vazia”. Aplausos do público e, logo de seguida, “Mau Acordar”, tema do novo álbum e que trouxe um ritmo dançante aos presentes.

A vocalista saudou a sala centenária, praticamente cheia, e fez saber as saudades que tinha das gentes de Braga. Agradeceu a presença do público e prosseguiu, advertindo que a banda traz consigo novas histórias para contar, mas que as velhas não serão esquecidas.

E foi com uma nova história que o concerto continuou ao som de “Manta para Dois”. “Bote Furado” foi a escolhida para prosseguir. E foi com este tema que a faceta mais crítica e humorística de Deolinda veio ao de cima.

Do anterior disco, “Mundo Pequenino”, ouviu-se “Seja Agora”, tema que o público acompanhou em coro e com o aplauso mais forte da noite. Com uma pequena brincadeira à volta do tempo meteorológico, os Deolinda voltaram às novas canções com o single “Corzinha de Verão” e “Bons Dias”.

Alexandre Vale

Alexandre Vale

Ainda de “Outras Histórias”, o tema “Desavindos” – dueto gravado com Manel Cruz – trouxe uma atmosfera de embalar à sala bracarense. Deixando um rasgado elogio àquele cantor, a cantora explicou que é Pedro da Silva Martins quem a vai acompanhar nesta história.

O som pautado de bombos e combinado com as palmas, levou a plateia de volta ao álbum de 2010, “Dois Selos e Um Carimbo”, com a vivacidade dos versos “Ó senhor doutor, esta doença só me dá para dançar”.

Seguiu-se um dos momentos altos da noite com o bem-sucedido “Fado Toninho”, que pôs o público a cantar em uníssono. Aproveitando o aplauso entusiasmado, partiram para “Bom Partido”.

Ana Bacalhau lamentou, ainda, a partida precoce dos seus heróis musicais e contou como estes foram determinantes na descoberta de si mesma, deixando no ar a reflexão “Que parte de nós ficou por descobrir?” ao dar voz a “Canções que tu farias”. Houve ainda tempo para se ouvir “A Avó da Maria” e “Pontos no Mundo”, temas de estreia na cidade bracarense.

O entusiasmo do público voltou em grande à sala com um sucesso do primeiro álbum dos Deolinda. “Movimento Perpétuo Associativo” elevou os ânimos e, por entre os versos, Ana Bacalhau lançou: “Agora não que Portugal é campeão!”.

“Berbicacho” levou a uma participação especial do público, que a vocalista coordenou e transformou em quinto elemento. “Braga fortíssima!” foi a resposta da artista.

Outro hino do quarteto, “Um Contra o Outro”, manteve a energia em alta e serviu para apresentação do baterista, bem como da equipa técnica. Com a promessa de um momento “Deolinda Som Sistema”, seguiu-se “A Velha e o DJ”, que conta com a batida de Riot, dos Buraka Som Sistema.

O encore pedido pela assistência começou com “Nunca é Tarde”, que rematou a apresentação de “Outras Histórias”. Na gravação deste tema participou a Orquestra Sinfonietta de Lisboa. Ausente do espetáculo, foi o jogo de luzes que marcou a sua presença em palco.

“Mal por Mal” foi a canção seguinte, que continuou a dar destaque à expressividade e movimento da vocalista em palco. Ana Bacalhau relembrou os tempos iniciais em que tocavam em espaços pequenos e podia olhar a plateia nos olhos e ver a sua reação, algo que mudou quando passaram a ocupar salas maiores. Revelou que foi no Theatro Circo que percebeu como poderia ler a energia do público, mesmo estando no escuro e, dessa forma, referindo-se à plateia que a escutava, concluiu: “São brilhantes!”.

A célebre “Fon Fon Fon” encerrou o concerto, merecendo uma calorosa ovação ao serão de música portuguesa.