Milhões passou por Barcelos nos passados dias 21 a 24 e “Festa” foi o que não faltou. Campismo cheio, dezenas de bolas pretas na piscina, muita música, vários passos de dança. A edição de 2016 contou com quatro palcos, 69 bandas, concertos e piscina grátis, vinho e arroz de cabidela. Os “milhionários” saíram de Barcelos já ansiosos pelo próximo ano.
A música do Milhões começou, oficialmente, às 18h no Jardim das Barrocas, com Ensemble Insano. O projeto juntou cerca de 20 músicos barcelenses e contou com nomes como José Roberto dos Killimanjaro, Pedro Oliveira dos Peixe:Avião, Nuno Rodrigues e Rafael Ferreira dos Glockenwise, André Simão dos Sensible Soccers e White Haus, Filipe Miranda de The Partisan Seed e, ainda, Tojo Rodrigues dos Black Bombaim. Apesar do fim de tarde calorento, o público não abandonou o concerto de pura improvisação, orientado por André Simões.
Os concertos que ninguém devia ter perdido
A abrir para GOAT, Sons of Kemet foram uma surpresa positiva no festival barcelense. Quatro pessoas em palco foram o suficiente para animar o público que rapidamente acalmou a ansiedade da espera por GOAT. Os londrinos trouxeram o jazz a Barcelos e brilharam.
GOAT era a banda mais esperada do dia 22. Entraram em palco pouco depois da uma da amanhã e eram imensos os que os esperavam. Dançaram com as suas já conhecidas longas e coloridas túnicas e as máscaras cobertas de penas. Foi impossível não vibrar com a sua energia electrizante transmitida e com as suas vestimentas psicadélicas. A banda sueca conquistou por completo a plateia assim que se ouviu as primeiras batidas de “Run to your momma” e a verdade é que os “milhionários” correram mesmo.
Vindos de São Paulo, Bixiga 70, fecharam o palco Milhões no dia 23 e foram os anfitriões da festa. Após os concertos de Sun Araw e The Heads, os brasileiros conseguiram levantar todo o público, que não parou de dançar. Surpreendidos por terem tanta gente a vê-los na “terrinha”, os brasileiros acharam uma “maravilha” e pediram “barulho para o Milhões de Festa, que é incrível”.
O último a passar pelo palco Milhões foi Dan Deacon. Provavelmente um dos mais esperados nesta edição, o americano foi sempre comunicativo: dividiu o público a meio, pediu para se sentarem, chamou bailarinos e todos dançaram ao ritmo da música “When I was Done Dying”. O pó era muito, mas nada impediu que a festa continuasse.
Ho99o9, um horror à maneira deles. O duo oriundo de New Jersey, constituído por The OGM e Eaddy, pisou pela primeira vez território nacional na madrugada da última noite do Milhões de Festa. Um concerto inquietante e energético, um furacão que foi desde o hardcore punk ao hip hop. O público agarrou este projeto sem regras onde não faltou um explosivo mosh pit e vários crowdsurfings.
Destacou-se, ainda, a festa dada por The Bug que se fez acompanhar por Miss Red e os seus incríveis passos de dança e poderosa voz, com uma explosão electrónica; Islam Chipsy (apesar de repetitivo) e, na última noite, a jovem portuguesa Nídia Minaj.
Palco Taina, onde a música se junta com a bebida e com a comida
Este ano o palco Taina abandonou o habitual espaço ribeirinho junto à ponte medieval e juntou-se ao Palco Milhões e ao Palco Lovers, dentro do recinto, decorado com muitos triângulos. No Dia Zero, o público foi brindado com concertos desde as 19h até às 4h da manhã. Nos dias seguintes, com já quatro palcos a funcionar, o horário do Taina começou e acabou mais cedo. A acompanhar a música, e porque Taina incluiu beber e comer, não faltou vinho em canecas barro nem arroz de cabidela, saído do tacho às 2h da manhã.
Concertos fora do recinto
As Arruadas Merrel foram uma novidade no festival. Sempre com o mesmo ponto de encontro, a Praça dos Poetas, e sempre à mesma hora, quem quisesse reunia-se para um concerto intimista num local secreto. A primeira paragem, no dia 22, foi no Paço dos Condes de Barcelos, com a presença de Filho da Mãe. A segunda foi no Largo do Município com OTROTORTO e, para finalizar, ICH BIN N!NTENDO foram até aos Claustros da Câmara Municipal. As Arruadas foram uma boa aposta por parte do festival, já que foram de acesso livre.
Sangue e orgulho americano
Os americanos Eat the Turnbuckle atuaram no dia Zero, no Taina. Um concerto agressivo para os mais sensíveis onde não faltou arame farpado, um ralador de queijo, uma porta e muito sangue. Orgulhosamente americanos, Donald Trump também não faltou à festa, acabando por ser (quase) abatido por uma porta envolvida em arame farpado. Um show de wrestling ao vivo, proporcionado pela banda de ultra-violence death match rock and roll.
Como assim não há bóias na piscina?
Quer fosse alguém que nunca perde uma edição do Milhões, ou um estreante no festival, qualquer um deles estaria à espera das famosas bóias. Nas edições anteriores, o que coloria a piscina para além dos fatos de banho, eram as bóias verdes, amarelas ou cor de rosa. Este ano, as Piscinas Municipais foram invadidas por bolas pretas. Mas não foi isso que alterou o ambiente clássico e frenético das tardes festivaleiras. Com muito calor e poucas sombras, na piscina grande ou na do palhaço, música e espírito pronto para a festa estiveram sempre presentes junto do público “milhionário”.
Filho da Mãe, que se apresentou a solo no dia 22, passou pela piscina no dia 23, pronto para a festa com Ricardo Martins. Com muito sol, o som poderoso da guitarra e da bateria, proporcionado pelo duo, originou uma infinita luta de bolas pretas dentro e fora da água, tendo sido um dos concertos que mais pessoas fez sair da toalha.
A edição do Milhões de Festa’16 comprovou toda a identidade intimista do festival, desde aos mergulhos e lutas de bolas na piscina aos calorentos concertos da madrugada no Parque Fluvial de Barcelos.
Texto: Ana Maria Dinis e Carolina Bravo
Artigo editado a 6/08/2016
O ComUM usou indevidamente fotografias do fotojornalista Gonçalo Delgado neste artigo que prontamente retirou depois de ter sido contactado pelo seu autor.
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