Pode-se fazer piadas sobre cancro, violência doméstica ou pedofilia? O Rui Sinel de Cordes e a plateia que encheu o Theatro Circo acharam que sim. O humorista de Lisboa encerrou a tour “Je Suis Cordes”, em Braga, no passado sábado, ao seu jeito: sem piedade.

Polémica e mais polémica. Foi essa a sorte de Rui Sinel de Cordes na sua relação com as redes sociais. O mais recente azedume dos internautas foi com uma piada feita pelo humorista, no Facebook, sobre os atentados de Orlando. Teria um teor homofóbico e desrespeitoso. E o tema não passou despercebido no seu espetáculo de estreia em Braga, no passado sábado.

“Je suis Cordes”, lia-se no palco negro que Sinel de Cordes pisava. O humorista lisboeta rejeita os ataques dos “ofendidos” e dos “justiceiros sociais”. O seu escudo é a liberdade de expressão. Foi dela que falou nos primeiros minutos que teve diante da grande plateia que encheu a sala bracarense. Sobre a piada “homofóbica” de Orlando, é muito simples: “É só uma piada, tem alguma graça, não é genial… é só uma piada”.

De copo de gin ainda cheio, lembrou as “300 ameaças de morte” que recebeu pela piada feita e os bloqueios que lhe eram recorrentes. Estava cansado disso e decidiu deixar de escrever nas suas páginas. Compara a “censura” que lhe fazem com aquela que silenciou personagens da história, como Galileu Galilei ou Sócrates – o de Atenas -, e que representou sempre atrasos sociais.

O stand-up não se ficou pelo novo ódio de Rui Sinel de Cordes, os “fanáticos das redes sociais”. Houve pedofilia, sexismo, síndrome de Down, violência doméstica e cancro. Demonstração clara da falta de limites que Sinel de Cordes coloca sobre si. Foi sem travões que a noite continuou, e até o copo de gin tónico acabou por entornar.

Os seus relacionamentos (pouco) amorosos e respetivas aventuras foram o prato forte na reta final do espetáculo. Teorias e outros conselhos foram atirados para a plateia, que nunca o largou durante o espetáculo até à ovação final. Aí desatou o nó da gravata e, como se fosse uma rockstar, atirou-a para a multidão que aplaudia ruidosamente.