Os The Strokes já andam por cá há mais de 15 anos, mas continuam a parecer-nos tão jovens, que perdemos noção da idade da banda. A maioria das pessoas, hoje em dia, que ouvem Casablanca e companhia, viveram a sua infância durante o crescimento dos americanos na cena musical. São a banda rock familiar, mas sem nunca perder um toque de originalidade que carinhosamente associamos, de tal forma que o culto em torno deles nunca se apagou.

Fonte: thelineofbestfit.com

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Lançado no início de Junho, Future, Present, Past, o seu primeiro EP desde A Modern Age, em 2001, é pura e simplesmente, um retrato da banda bem ordenado. A música que os The Strokes fizeram, fazem, e farão. Os americanos chegaram cedo a um ponto onde não precisam de fazer grandes álbuns para serem idolatrados (muito graças ao intemporal Is This It?), e onde algo nunca será tão mau que lhes diminuirá o legado. Os The Strokes têm um legado, ponto final.

O EP é composto por três músicas, mais um agradável remix de Fabrizio Moretti, baterista da banda, a uma das músicas. Abrimos com “Drag Queen”, que começa com o baixo num toque futurista, cada nota repetida com um ligeiro delay. A voz de Casablanca surge como sempre, com o seu filtro característico. Tudo se une num refrão elevado por uma confusão entre guitarras, teclas, bateria, tudo encabeçado pela letra, que é basicamente um diálogo entre duas personagens. Está tudo misturado – o som das guitarras remete-nos para uma cidade, sim; o tema é citadino, sim; mas em ponto algum da música, as duas partes batem completamente certo. Apesar de tudo, soa-nos bem, e é já uma melhoria ao último álbum, Comedown Machine (2013).

Seguimos para o presente, para “OBLIVIUS”. A coerência temática temporal do EP confirma-se – os riffs das guitarras, bem sincronizadas, uma grave e outra aguda, são os The Strokes modernos. Parece electrónico, mas é apenas bom rock, e a voz de Casablanca está no seu melhor no refrão, expressando toda a emoção que a letra precisa, na perfeição. O riff perto dos três minutos da música é rock clássico: “OBLIVIUS” é a melhor faixa do EP, e das melhoras músicas que a banda compôs nos últimos anos. Uma lembrança do quão bons ainda conseguem ser.

E por fim, voltamos a 2001. O passado é sonorizado com “Threat of Joy”, e parece que estamos a ouvir uma faixa intermédia de Is This It?. A letra abre com uma fala, e toda a letra é cantada de forma segura, sem grande espalhafato e sem muitos agudos. As guitarras são simples, e a transição entre as estrofes e o refrão é muito suave, um tom que se mantém durante toda a música, uma estagnação sem aborrecer completamente. “Threat of Joy” podia ser uma música inserida no meio de qualquer álbum que os The Strokes tenham composto, sem ficar mal na fotografia, embora sem nos arrasar.

Podendo opinar em contrário, Future, Present, Past é a melhor coisa que os The Strokes podiam ter feito agora. Um EP seguro, que apaga a imagem incoerente deixada por Comedown Machine, que não sendo um mau álbum, desilude no seu desenvolvimento e acumula o brilhantismo instrumental da banda em duas ou três músicas. São três músicas que podem ser tocadas em qualquer concerto, sem ser preciso descartar o repertório clássico da banda.

Quando os The Strokes lançaram “OBLIVIUS” e anunciaram este EP, todos ficamos com as expectativas elevadas, à espera de algo grandioso. E embora não tenhamos ficado de sobremaneira agradados, não nos desiludimos. Um meio-meio agradável para os fãs. E no final, ninguém ficou chateado.