Anoitece e a brancura dá lugar à escuridão noturna. O centro histórico de Guimarães começa a refletir paz e suavidade. As vibrações da noite estão para vir.
Contaram-se dez badaladas. O evento tinha hora de início marcada para as 23h00 de sábado, dia 9, mas a folia já se espalhava pelos recantos vimaranenses. Fosse pelos animadores de rua, todos eles sob um branco distinguível, brilhante e que reluz um ambiente de alegria, fosse pelos guarda-chuvas também de cor branca na Rua de Santo António. Também os sons dançáveis começavam a fazer-se ouvir.
Se houve branco que se destacou foi o branco dos transeuntes. Não do tom de pele, mas das roupas vestidas. Pessoas de pele branca, preta, negra, mulata trouxeram uma inspiração esbranquiçada à antiga Vimaranes. Ora mais desinibida, ora mais contida, as gentes dançavam, cantavam e sorriam. A verdade é que o espírito notívago se estendeu por toda a zona histórica.
A multidão do Largo João Franco ficou ao cargo dos The Fucking Bastards, com ritmos pop, afro e brasileiros. Mais do que músicos e animadores, pois as pessoas que por ali passaram conseguiram apenas a muito custo ficar indiferentes. No que toca ao público, a presença em maioria foi assumida por jovens, que transformaram aquele largo numa discoteca ao ar livre.
E continuou. Mais abaixo, a Rua de Santo António trouxe muita dança, com o Palco Dance Music, acompanhado de várias bancas, onde a bebida, alcoólica ou não, teimou em não falhar. Acima, na Praça de Santiago, Nuno Luz trouxe o house comercial, num local de passagem bastante movimentado. Na chamada Feira do Pão ou Largo da Condessa do Juncal, o funk e o soul subiram ao rubro e foi Nelson Lisboa quem prometeu um grupo de apreciadores destes estilos musicais.
Por fim, a Plataforma das Artes, com o Palco Remember, relembrou os tempos não muito recentes nem muito distantes das décadas de 70, 80 e 90. Foram grupos de jovens que se misturaram com adultos e idosos que se deixaram levar pela descontração, pela leveza, pelo sentimento.
No Largo da Mumadona, o camião encheu-se de ânimo para arrancar. O relógio marcava as 23h00. Uma música eletrónica, com uma mistura de dance e house foi sendo libertada. O condutor do chamado Trio Elétrico, o dj Pedro Cazanova, fez mexer uma massa humana, quase que seguindo um cortejo, até chegar ao Largo do Toural, onde se estabeleceu.
Chegando ao largo emblemático da cidade, o Trio Elétrico parou e um mar de gente reuniu-se. Foi o ponto alto desta noite de verão. As pessoas com as suas vestimentas todas claras contrastavam com o negrume de um camião de onde se ressaltaram focos luminosos. A animação foi evidente.
“Sempre atrás do camião”, Miguel Silva gritou um “muito bom” no Toural. Atingindo a paragem do transporte, Paula destacou “tudo em geral” e qualificou o evento de “espetacular”. Foram “as pessoas que se meteram umas com as outras” e “a diversão” que fizeram Sandra Meireles exaltar “o povo de Guimarães”.
No entanto, não são apenas portugueses ou portuguesas os participantes nesta festa. “White Night is amazing!”, entoou Mats Velez, um galês dominado pela energia do local. Este turista aproveitou para exclamar Guimarães: “É uma bela cidade, com boas pessoas, atmosfera, música, muito limpa, sem violência! Um excelente lugar!”.
O final estava marcado para as 03h00, porém, a festa fez-se noite dentro. O branco continuou a prevalecer. No geral, os visitantes começaram a sair do centro histórico, com a intenção de deixar aquelas movimentações. De vez em quando, avistava-se quem quisesse dar os últimos passos de dança em algumas barracas. Aí serviam-se bebidas, ao som do sertanejo, do samba ou sob os restos dos êxitos da pop music.