Dia 8 de agosto com festa, luz, som, figura. A Marcha Gualteriana decorre pelo seu 110º ano, de onde se contam nove carros alegóricos e onde um exemplar se acrescenta em relação a 2015. Vários milhares de pessoas enchem Guimarães com a sua presença, onde a ânsia e a alegria também se fazem sentir.

São 22h00 e a multidão já se faz ver pelas ruas de Guimarães. Pequenos bancos com riscas coloridas conjugam com a alegria das crianças que correm e brincam. O entusiasmo das pessoas torna-se visível nas suas caras, esperando pelo desfilar das alegorias da cidade.

Arrancando das cercanias do antigo Liceu, onde se situa a Casa da Marcha Gualteriana, o grande cortejo das festas vimaranenses começa a ser preparado com bastante antecedência. Trata-se de um trabalho levado a cabo durante um ano inteiro. Muito suor, muito esforço físico, muitas emoções. A rua fecha-se para os carros começarem a sair, dias antes, fazendo com que vários transeuntes pausem a sua própria marcha para os apreciar. Um século e uma década é há quanto tempo a tradição fala mais alto.

Mais um do que no ano anterior, o número de carros aumentou para nove. “Cidade”, “Mundo Lusófono”, “50 anos da biblioteca fixa n.º 127 da Fundação Calouste Gulbenkian”, “Titanic”, “Princesa Sofia”, “Méliès, o realizador de sonhos”, “Cristóvão Colombo”, “110 anos da Marcha Gualteriana” remetem para as artes e para a História. As “Balonas” fecham a exibição da Casa, em jeito de festejo, comemoração, exaltação.

Chega o dia, chega a hora: 23h00. Vários foguetes sobem aos ares. A marcha inicia-se. O público está expectante e irrequieto. Há quem sorria, há quem apenas atente nos detalhes de veículos que se convertem em mágicos contos de fadas. Sempre com as duas centenas de figurantes, nos mais diversos trajes e modos. Sempre com o som de fundo das suas músicas ou de grupos musicais, como ranchos folclóricos ou bombos.

A verdade é que a sátira não falta. Nos intervalos das demonstrações dos carros alegóricos, grita-se a realidade política, económica, mediática do nosso país. Se são os Panama Papers ou se é o reality-show mais visto do país, tudo se torna motivo de humor para quem assiste.

Maria Luísa deixa um pouco da sua emoção. “É sempre emotiva a Marcha. Nunca falto”, reforçou. “No ano que vem, volto, com certeza!”

“Fico fascinado com estes trabalhos”, expressou Fernando Gomes. “São obras de arte que representam a cidade, que nos representam a nós”, continuou.

E tudo volta ao princípio, de onde nasce. Os vimaranenses e os visitantes ficam a aguardar pelo próximo número. E há sempre quem cumpra o ritual de ver aquele que é o momento que encerra mais uma edição das Festas Gualterianas. Para o ano, há mais.