Pela última vez, em 2016, os espetadores deslumbraram-se e apreciaram a arte de um festival de renome no panorama da música eletrónica em Portugal. O “Semibreve” terminou ontem com mais dois concertos que convidaram a muito mais do que apreciar a sonoridade de uma canção.

Ainda antes dos concertos, aconteceu a entrevista aberta que a revista conceituada The Wire oferece aos participantes do festival. Por mais um ano, o terceiro e último dia do evento começou com esta iniciativa que reúne artistas, fãs e imprensa na Casa Rolão.

Por volta das 17h30, a sala principal do Theatro Circo estava composta para assistir a Oliver Coates. O músico entra, o espetáculo começa. A audiência teve a oportunidade de viajar pela realidade virtual composta via digital. Ao mesmo tempo que as projeções surgiam na tela, os arranjos clássicos cruzados misturavam-se com a eletrónica contemporânea de Coates. O violoncelo ganha espaço e faz dilatar harmonias ora dançantes, ora melancólicas. A plateia rendeu-se à atuação do músico britânico, que deixou o palco com um ar afável.

No Semibreve, os intervalos entre concertos são sinónimo de visita às instalações artísticas que se escondem nos corredores do Theatro Circo.

Numa aura densa de quietude dava-se início à atuação de Paul Jebanasam e Tarik Barri.  Da fusão entre os dois artistas resulta “Continuum”, com uma carga de power ambient. Gera-se uma agitação efusiva, com drone, ruídos brancos constantes que guardam espaço para albergar entre si tons suaves e meditativos. A mistura de sensações acontece graças à manipulação dos visuais por parte de Barri e dos sons por parte de Jebanasam. Tudo acontece ao vivo e, a par da tela, em completa escuridão.

O Semibreve continua a marcar terreno como um festival de música exploratória que derruba e define barreiras concetuais. Foram 13 atuações, em três locais, no decorrer de um final de semana onde se absorve a essência do festival.

Pedro Sousa e Pedro Ribeiro