Um piano, um contrabaixo, um trompete, uma guitarra e uma bateria. Foram estes os instrumentos necessários para musicar o clássico mudo de 1928 “Marinheiro de Água Doce”, de Buster Keaton. O músico Bruno Pernadas foi o protagonista do filme-concerto que teve lugar esta quinta-feira na Casa das Artes de Famalicão. O espetáculo integrou a iniciativa Close-up – Observatório de Cinema de Vila Nova de Famalicão, que celebra o cinema contemporâneo e decorre até amanhã.

Pouco faltava para as 22h00 quando o Grande Auditório da Casa das Artes começou a ganhar forma. Com cerca de 70 pessoas sentadas na ala do meio para assistir ao espetáculo, as primeiras cinco filas de cadeiras foram retiradas e substituídas por um pequeno espaço onde descansavam os instrumentos. Com o avançar da noite, o quinteto liderado por Bruno Pernadas criou música a partir deles.

Cada músico tomou o lugar de costas para o público, mas de frente para o enorme ecrã onde o filme iria passar. As luzes apagaram-se, os créditos do filme começaram a rolar e a banda de Pernadas começou o concerto numa sonoridade jazz que transportou o público para os anos 20 do século passado.

A banda tocou quase ininterruptamente. O silêncio ficou apenas reservado para a mudança entre atos do filme. A história contou as aventuras de um marinheiro que tentou ajudar o pai e acabou apaixonado pela filha do comandante de um barco rival.

E, quando a infame frase “The End” apareceu no ecrã, a banda parou de tocar. O público saudou o quinteto com uma longa e efusiva salva de palmas. Pernadas saudou a audiência de volta com um “Até já.” E retirou-se com a banda.

Texto: Diogo Rodrigues e Florbela Caetano