“Não estamos a falar de uma minoria”, afirmou Catarina Martins. A coordenadora do Bloco de Esquerda esteve hoje na Universidade do Minho como convidada da tertúlia “Política no Feminino”, organizada pelo Centro de Estudos do Curso de Relações Internacionais (CECRI), para debater o tema da igualdade de género.

A discriminação no trabalho, a violência de que as mulheres são as principais vítimas, a baixa presença feminina nas bancadas do Parlamento e os estereótipos de que são alvo. Estes foram os principais temas discutidos na conversa, que contou com também com a presença de Sílvia Sousa, professora da Escola de Economia e Gestão (EEG) e membro do Núcleo de Investigação em Políticas Económicas (NIPE). A moderação coube a Beatriz Silva, presidente do CECRI.

Catarina Martins explica que o caminho para a igualdade tem “vários alçapões”. Um deles é que “entrando mulheres na vida política, acha-se normal que estas vão para as comissões de assuntos sociais, eventualmente da saúde e da educação”, declara, “mas ai das mulheres que mexam nas finanças!”. Ainda sobre o papel das mulheres na política, a bloquista relembra que, apesar de alguns partidos se terem mostrado reticentes quanto à adoção desta medida, a verdade é a aplicação de quotas de participação de mulheres nas listas eleitorais acabou por beneficiá-los.

Ainda houve espaço para os presentes levantarem algumas questões. Discutiu-se, por exemplo, até que ponto as mulheres não se “sabotam” a si mesmas, com Catarina Martins a questionar se seria uma escolha pessoal ou consequência de um sistema que deixa os mais fracos presos num “ciclo infernal sem margem para imprevistos”.

Tema das quotas está “encerrado” no Parlamento

Em conversa com a deputada bloquista, o ComUM questionou se ia haver lugar a nova discussão sobre as quotas de participação de mulheres nas listas eleitorais, ao que Catarina Martins respondeu que o tema não está em cima da mesa. “O Bloco de Esquerda impôs a si mesmo as quotas de 50% e era bom se o resto dos partidos fizessem o mesmo, mas neste momento o tema está encerrado.”

A convidada disse ainda que PSD e CDS levantaram o debate sobre a necessidade de imposição de quotas também às administrações das empresas, medida que foi aplicada em alguns países da Europa e à qual o Bloco se mantém, segundo Catarina Martins, atento.

Texto: Ana Rita Martins, Ana Patrícia Magalhães