Braga vibrou em frequências muito diferentes das habituais, desde sexta-feira até domingo. A sétima edição do Festival de Outono revestiu a cidade com toques de muita diversidade, com o olhar em novas experiências e em novos públicos.

A edição deste ano, em que Braga é Capital Ibero-Americana da Juventude, teve um cunho muito próprio, com um toque de frescura. O investimento na música ganhou força e alargou-se o âmbito das temáticas e dos horários dos eventos, em comparação com os anos anteriores.

Dia 15 foi dia de oficina de música afro-peruana. Os participantes contactaram com este estilo musical, pela primeira vez, e experimentaram tocar novos instrumentos. Entre eles, estava o cajón, instrumento de constituído por uma caixa de madeira com uma abertura, ou a quijada, que consiste numa mandíbula de burro. Os orientadores, Rui Meira, Jacqueline Mercado e Carlos Mil-Homens, da banda Crocodilo Criollo, teceram elogios à música portuguesa e com um apelo à preservação do património cultural.

A conversa seguiu para A Brasileira, com casa cheia. No decorrer desta conversa, levantaram-se as raízes quase esquecidas da música portuguesa. Os cantos pungentes dos trabalhos do campo não foram esquecidos. O destino deste “cantar por cantar, para aliviar as penas”, como o descreve uma das senhoras que figuraram no vídeo apresentado a propósito da conversa, também foi alvo de discussão e reflexão.

O dia terminou com o Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho. Os sons exóticos e as fortes mensagens das músicas ecoaram pelo espaço. O artista sírio Omar Souleyman, o sangue quente dos Crocodilo Criollo, deixou em conjunto com a sua banda o público quase num estado de transe com a simbiose que fazem dos sons primitivos do cajón e da quijada com a guitarra, o violino, a canção e o texto. Os Fadango fecham o dia com muita energia.

Nuno Abreu, responsável pelo desenho do programa do Festival, refere uma necessidade de trazer algo diferente, para públicos diferentes. “Decidiu-se que seria o tempo e a edição para se tentar fazer com que o Festival de Outono conseguisse chegar a mais públicos”, afirma. O responsável refere mais que “era uma coisa muito fechada em si, um programa que estava muito virado para os universitários.”

O dia 15 foi último de três dias do Festival de Outono, organizado pelo Conselho Cultural da Universidade do Minho. Oficinas, conversas e leituras, concertos e até mesmo clubbing. Esta série de iniciativas, iniciada a 13 de outubro, realizou-se em parceria com a Rádio Universitária e com a Associação Académica minhota.

Fotografia: Mariana Pires Mendes