Mia Couto esteve ontem na Reitoria da Universidade do Minho, em Braga, para a apresentação nacional do seu novo livro “A Espada e a Azagaia”. Segundo de uma trilogia sobre os últimos dias do Estado de Gaza, antigo império africano, este livro conta uma história de amor no tempo de resistência colonial do imperador Gungunhanhe.

Final de século XIX, sul de Moçambique. A batalha travou-se entre Mouzinho de Albuquerque, por Portugal, e Gungunhane, pelo Império de Gaza. As tropas de Albuquerque venceram e deu-se o fim de um dos impérios maiores de África. A ligação amorosa entre uma jovem moçambicana e um sargento português acontece.

“Essa história, sendo no passado, é também sobre nós no presente.” Segundo Mia, a própria obra pretende dar a conhecer o lado moçambicano que foi apagado da versão portuguesa da História. Falando sobre o caso de África, o escritor aponta, de forma geral, que “os africanos assumiram uma identidade coletiva porque desde sempre os tentaram anular.”

“Achei que a história poderia ter três momentos, o momento da terra, o momento dos rios e o momento do mar”, assume. Mia Couto apontou as circunstâncias do enredo e a quantidade de informação disponível como dois outros motivos para escrita da sua trilogia “As Areias do Imperador”.

Zeferino Coelho, editor do livro e representante da editora Leya não poupou elogios à narrativa de Mia. Comprando a história romântica do protagonista ao amor de Pedro e Inês, Zeferino entende tratar-se de “ uma história realmente fascinante” numa “obra monumental”.

Ainda não há data marcada para a publicação do último livro da trilogia. O autor adiantou, contudo, que gostava que o último livro da trilogia fosse publicado no espaço de um ano.

Antes da apresentação oficial, houve uma sessão dedicada às escolas, onde os alunos puderam, num registo informal, conversar um pouco com o autor. Aos professores, Mia Couto pediu para darem aos alunos “liberdade de errar”. Aos estudantes, pediu para darem valor àquilo que têm, referindo que quando visita escolas africanas os alunos estão “completamente presentes”.

Com início às 18h00, ontem, dia 4, no Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho, a apresentação de “A Espada e a Azagaia” teve o apoio dos CTT, do Município de Braga e da academia minhota. No final, houve ainda lugar a uma sessão de autógrafos, que despertou a atenção dos leitores e seguidores do escritor africano mais traduzido, Mia Couto.

Fotografia: Mariana Campos