Silêncio que se está a fazer história. Braga percebeu isso e esgotou a blackbox do gnration, na tarde de 16 de outubro. Ao fim de cada canção do multi-instrumentista alemão houve palmas, calor, mas não muito mais reboliço.

Em silêncio esperava-se sempre por mais uma, só interrompido pela boa disposição do colosso do krautrock dos anos 70. Silêncio que seria constrangedor num outro qualquer concerto, mas tendo à frente uma lenda viva da música eletrónica alemã era sinónimo da vontade de ouvir mais.

Rother deu licença para dançar e até para atirar tomates. Mas só houve o habitual abanar de esqueleto ao ritmo da batida kraut. “Harmonia”, “Neu!” e os seus trabalhos a solo foram recordados neste fim de tarde em Braga. Alguma euforia só nas composições mais conhecidas como a “Hallogallo” de “Neu!”. Mas houve mais, como uma do disco “Sterntaler”, o primeiro a ser lançado em Portugal, que o guitarrista fez questão de sublinhar. Tudo ilustrado pela autobhan – as autoestradas alemãs – que passava nas costas dos músicos alemães.

A viagem começou cedo, à inglesa, 18h00 e estavam os motores a aquecer. Fez-se com uma mesa cheia de cabos em frente ao frontman de guitarra em punho, acompanhado por Hans Lampe, na bateria, e Franz Bargmann, na guitarra.

A estreia em Portugal foi no festival “Milões de Festa” – como Rother lhe chamou no seu português muito esforçado – em 2015. Este domingo regressou a Portugal para uma data única, na cidade dos arcebispos.

Mais um marco na afirmação de Braga no circuito nacional da música eletrónica. Em janeiro deste ano, Luís Fernandes, programador do gnration, já tinha falado ao ComUM da potência que a cidade se estava a tornar: “No que diz respeito à programação, Braga pode-se tornar a capital nacional da música eletrónica”.

Fotografia: Ana Maria Dinis