Um espetáculo acústico e intimista, onde não faltou o soul, o jazz nem o rock. Assim foi o concerto de Aurea na Casa das Artes de Arcos de Valdevez, no passado sábado.
Ao som da música de fundo juntava-se o murmúrio impaciente de um público composto por três gerações. “Restart”, nome do novo álbum da cantora Aurea, era a chave da inquietação. No palco, instrumentos, um tapete e um imponente “A” compunham o cenário. Branco sobre negro. Luz sobre escuridão.
De repente as luzes baixaram, o ruído de fundo deu lugar ao silêncio, o guitarrista entrou em palco e começou a tocar. Com os olhos postos no palco, o auditório aguardava pela chegada de Aurea mas, inesperadamente, a cantora surgiu do fundo da sala. Descalça como sempre, a artista apareceu a cantar “Too Old Too Soon”.
Bem-disposta, a cantora descreveu o espaço envolvente como “ambiente familiar” e ordenou ao público que se divertisse. Mas, entre o entretenimento, também houve espaço para revelações: Aurea contou que, ao ouvir pela primeira vez o álbum, escolheu a música “I didn´t mean it” como single. E, quando a Casa das Artes ouviu a interpretação do tema, parou de se mexer. Ninguém queria estragar o momento. Com lágrimas nos olhos, Aurea terminou a música, ajoelhada, unida numa só voz com o público.
“Nothing Left To Say”, “Scratch My Back” e “Busy (For Me)” transformaram a comoção em alegria. Os temas levaram a sala de volta ao álbum “Okay Alright”, que celebra agora seis anos.
O público gritou, assobiou e aplaudiu fortemente a artista. As luzes desligaram-se. “Só mais uma!”, ouviu-se. E os gritos de alegria só cessaram quando a cantora voltou ao palco para interpretar a canção “Restart”, que resume o trabalho dos passados quatro anos.
Texto: Tânia Gomes e Florbela Caetano