Ritmos experimentais exóticos, explosões de guitarras e rap revoltoso. Foi assim que Tó Trips & João Doce, PISTA e Allen Halloween encerraram ontem mais uma edição do Cellos Rock, em Barcelos.

A abertura do segundo dia no palco do Círculo Católico de Operários de Barcelos (CCOB) esteve a cargo da dupla de músicos Tó Trips & João Doce. O duo apareceu em palco, como já é hábito, virado um para o outro: Tó Trips na guitarra e João Doce na precursão.

As batidas exóticas de João Doce e a energia com que Tó Trips tocava a guitarra – e batia os sinos que trazia na bota – formaram uma simbiose perfeita que contagiou a sala. No final, João Doce ainda vestiu a pele de maestro e dirigiu um público recetivo num exercício rítmico de palmas, a acompanhar as guitarradas experimentais: “Uma. Duas. Uma. Duas”, dizia ele com as mãos.

Mas a noite não descansou e seguiram-se os PISTA. A banda de duas guitarras e uma bateria começou ferozmente e nunca parou de puxar pela alegria do público. A sonoridade descontraída e divertida espalhou-se pela sala do CCOB e o público dançou com sorrisos na cara.

Com “Puxa”, os PISTA levaram as pessoas ao êxtase total. Em “Sal Mão”, ouvia-se a audiência e a banda em uníssono a cantar o característico “Oh oh oh, é a é. Oh oh oh”. O mesmo aconteceu em “Tal tropical”, momento em que o público delirou e acompanhou os versos da canção.

Para além das já conhecidas malhas do álbum “Bamboeiro”, os PISTA ainda revelaram, pela primeira vez, uma nova música que conquistou a plateia que nunca parou de se divertir.

A banda despediu-se de Barcelos numa explosão de guitarradas frenéticas que levaram os espectadores ao delírio completo. Delírio esse que transpareceu na longa salva de palmas que a banda do Barreiro recebeu ao abandonar o palco.

O final da noite veio com Allen Halloween. O rapper esgotou por completo a lotação do espaço com fãs que queriam ouvir o “real e verdadeiro Halloween”. Depressa apareceram mãos no ar, pessoas a dançar e a cantar alguns “hooks” das canções.

Contudo, o grupo queria ainda mais energia vinda da sala cheia. Lucy pediu para deixarem a brincadeira e “partirem tudo”. Por seu lado, Halloween pediu para baixarem as luzes e, tal como tinha prometido, “foi todo gangster”.

A revolta das letras do rapper “que diz as coisas como são” infetou o público que gritava os versos das canções. A canção “Velho bandido” foi o apogeu do concerto, com a plateia a gritar o verso: “ninguém ouve, ninguém ouve mal”.

No próximo ano, o Cellos Rock vai trazer certamente mais música portuguesa a Barcelos. O festival é já uma das marcas culturais da cidade minhota.