Numa conjuntura que continua a ser assolada pela crise económico-financeira, ao contrário do que se possa pensar, surge um Orçamento de Estado que aumenta a fatia para a Cultura. Até que ponto emerge daqui uma nova esperança?
Os financiamentos para a fatia cultural vão aumentar. O Orçamento de Estado para 2017, aprovado na generalidade, no dia 4 de novembro, atribui cerca de 297 milhões de euros para o Ministério da Comunicação Social e da Cultura. Desse valor, quase 110 milhões de euros destinam-se à Cultura. São mais 10,6%, mais 15 milhões de euros, comparativamente ao ano passado.
A direita parlamentar entendeu tratar-se de “uma enorme desilusão”. Na tarde do passado dia 10, em comissão do Parlamento, os membros do Governo tentaram mostrar à oposição que incrementar os financiamentos ao Ministério da Comunicação Social e da Cultura vale realmente a pena.
E vale.
Seria interessante refletir-se até que ponto a cultura não poderia funcionar como um dos motores da economia nacional. Portugal tem mais de 900 anos de História juntamente com um legado poderoso de matéria histórico-artística. Pense-se no turismo: já se viu como o setor cultural e o setor turístico poderiam aliar-se e enriquecer-se entre si, não só financeiramente? Trata-se de trazer mais força à identidade de um país que tem todos os recursos para ser uma potência europeia de reconhecido valor.
Mais do que investir nas estruturas culturais, é apostar na identidade nacional, naquilo que nos representa, naqueles que contribuem para manter ou trazer horizontes. Produzir bens culturais significa produzir uma fonte de aprendizagem, reflexão e de definição de ideias. A cultura é essência. As artes não existem com o intuito de mero adorno, mas sobretudo com o intuito de contribuir com mais visões que culminem numa marca distintiva de uma Nação.
Respondendo à questão inicial, o Orçamento de Estado, sim, traz novas esperanças para a Cultura. Talvez seja uma nova forma de mostrar ao país como as atividades culturais têm importância na vida dos cidadãos. Quem sabe se não é este um pequeno passo para fazer este domínio social crescer em termos de relevância. Sonhar com um Portugal mais cultural é sonhar com um Portugal mais culto e mais capaz de enfrentar os mais diversos problemas da sociedade.