A candidata pela Lista C a presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), Ana Ramôa, afirmou que a sua candidatura surgiu após os protestos contra o aumento dos preços das senhas nas cantinas, de forma a combater o “desânimo” e a falta de resposta da AAUM aos problemas. Em entrevista ao ComUM, Ana Ramôa teceu duras críticas ao desempenho da direção em funções, que acusa de não ter tido “momentos de luta”, e à Reitoria, pela passagem ao regime de fundação.

“Somos a única lista que, até agora, se dignou a tratar os problemas que se passam na universidade de forma séria”. Ramôa não tem dúvidas: a Lista C é a única alternativa a uma associação entre candidatos que, afirma, pretendem o “manter da situação”, e não abrem a discussão aos “assuntos que realmente interessam”.

Ainda sobre a fundação, a candidata não se poupa nas críticas à atual direção da AAUM, à Reitoria, e mesmo ao anterior governo. “A fundação nunca deveria ter existido, nunca devia ter passado à prática da forma que passou. As reuniões finais já foram feitas num período de início de férias escolares, o governo PSD/CDS também já estava com falta de alguma legitimidade e, porque as eleições se avizinhavam, quiseram apressar esta mudança de regime”.

“Os 50 cêntimos são uma promoção de supermercado”

Após várias reuniões entre a AAUM, a Reitoria, e os Serviços de Ação Social (SASUM), foi finalmente acordada uma descida dos preços dos packs de dez senhas, de 25 euros para 24,5 euros, sendo que antes do aumento, o preço estava nos 23,5€. O preço das senhas diárias manteve a sua subida para os 2,65€.. Para Ana Ramôa, esta descida é “uma promoção de supermercado” e “não vai ao encontro daquilo que são os anseios da população estudantil”.

Mas para a Lista C, que fez da luta contra o aumento das senhas o seu grande mote, a fraca intervenção e o conformismo da actual direcção estende-se a mais parâmetros. “Não há ainda, por exemplo, uma posição da Associação Académica sobre as bolsas que ainda não foram atribuídas”, acrescentando que não houve esforços para conseguir um “maior financiamento para o Ensino Superior”. “Que posição toma a Associação sobre o regulamento? Andamos aqui às cegas, não sabemos”.

Esta falta de “momentos de luta” é, segundo Ana Ramôa, o principal motivo que leva os alunos a se abster nas eleições. “Há muita malta que está desanimada com a Associação Académica, que está desligada, que não se sente representada por esta direcção tal como pelas anteriores”, justificação para os 89,1% de alunos que não foram às urnas no ano passado.

Uma associação ativa e transparente

Uma das grandes críticas feitas à atual direção foi não disponibilizar os documentos sobre a Associação Académica em plataformas acessíveis aos alunos. O relatório de contas apenas foi revelado em RGA, e nem todos os documentos se encontram no site da AAUM, pelo que Ana Ramôa vincou que irá disponibilizar os documentos, caso seja eleita.

Temos que encarar a praxe como forma de organização dos estudantes”

A Lista C entende a praxe como uma “forma de os alunos se organizarem” que tem de ser “reconhecida pela Reitoria e pelos demais órgãos da universidade”. Ramôa vê com apreensão a proibição da actividade dentro da universidade, considerando que “não foi correto da parte da Reitoria fazer isso às comissões de praxe” e que esta situação “abre precedentes a outras questões”, como a proibição de protestos dentro dos campi.

Sobre a promessa feita pela atual direção sobre a entrada de autocarros dentro da universidade, a candidata encara-a como uma “questão secundária”. Ramôa coloca em cima da mesa uma outra proposta: a de voltar a incluir mais carreiras nos serviços de transporte oferecidos pela AAUM, “dentro de uma gestão rigorosa do horário”.

Entrevista e texto: Ana Rita Martins, Hélio Carvalho
Vídeo: Gonçalo Costa