Há uns meses dizia que ia viver uma das maiores aventuras da minha vida com a ida para Madrid, em Erasmus. E de facto esta está a ser uma grande aventura… pena que não esteja a ser tão bom como esperava.

Sabia que não ia ser fácil, mas as saudades da família e amigos são mais que muitas e conciliar os trabalhos da faculdade com as tarefas domésticas também está a ser pior do que imaginava.

O ambiente em Madrid é, na generalidade, animado, mas não ao ponto que pensava. Para mim, as noites académicas em Braga são sem dúvida mais alegres e com mais gente na rua e Madrid conta com cerca de 4 milhões de habitantes! Reparei que são poucos os bares no centro da cidade abertos depois das duas da manhã e fiquei com a sensação de que as únicas discotecas que valem a pena são um pouco caras para aquilo que estava habituada.

Madrid é sem dúvida uma cidade bonita e com sítios interessantes e atrativos, no entanto, não me surpreendeu muito (talvez porque vinha com uma imagem muito positiva da cidade). Os sítios a visitar são o Palácio Real, o Santiago Bernabéu, o Mercado de San Miguel e a Gran Vía. Acho o Parque do Retiro um local muito bonito, ainda que o nosso Bom Jesus não fique nada atrás deste. Incríveis são as fachadas imponentes e históricas dos diversos edifícios da capital.

A vida em Madrid não é propriamente acessível, tendo em conta que é uma das principais capitais europeias e um sítio muito procurado pelos turistas. O preço das refeições nos restaurantes ou cafés, normalmente, é superior ao preço dos principais locais de Portugal. E se em Portugal se come bem em muitas “tasquinhas” espalhadas pelo país, creio que aqui em Espanha já não é bem assim…

Uma das principais diferenças que aqui encontrei foram os horários das refeições. Geralmente, almoçam por volta das 15h e jantam perto das 22h… E bebem muito álcool! O lanche dos madrilenos é, muitas vezes, uma bebida e uma tapa ou batatas fritas, sendo que a alimentação da maioria das pessoas não é mesmo nada saudável. Vejo, frequentemente, muita gente a tomar o pequeno almoço num balcão, que consiste, nada mais nada menos, num café com leite e uma sandes de presunto.

A universidade onde estudo (pelo menos a faculdade de Ciencias de la Información) é pior do que a UM no que diz respeito à qualidade da comida servida, às instalações e à limpeza das casas de banho. Relativamente aos professores, funcionários e colegas, há de tudo: desde simpáticos e atenciosos, a mal-humorados e arrogantes. Felizmente, não tenho grandes dificuldades com a língua espanhola, cuja parecença com a nossa língua não é assim tanta quanto aquela que esperava. Descobri muitas palavras e expressões novas, como por exemplo “me estoy cabrando”, “chachara”, “voy a contestar”, “muy chulo” y “me quedó fatal”.  Por outro lado, acho que as cadeiras, felizmente, não são mais complicadas do que em Portugal e que o nível de exigência é semelhante.

Claro que esta é apenas a minha opinião e haverá muita gente que a contradiga, mas apesar da minha experiência não estar a ser propriamente boa, ter vindo para cá estudar não foi uma má opção. Aliás, ajuda-me a ganhar maturidade, experiência e é bom para o currículo. Além disso, deu-me a oportunidade de conhecer locais bonitos e pessoas simpáticas e divertidas. E já vivi momentos muito bons e que irei para sempre recordar, mesmo que não tenham sido tantos quanto gostaria. Ah, finalmente aqui aprendi a fazer arroz soltinho!

Não posso deixar de referir que esta experiência faz com que dê mais valor às pessoas que me são queridas e ao meu país. Confesso que não consigo explicar a felicidade que sinto quando vejo algo relativo a Portugal ou ao povo português. Tenho um professor que faz questão de dizer que nós, portugueses, falamos muito baixinho e que imitamos os franceses e, claro, tenho de o “contestar” e num tom de brincadeira, responder-lhe.

Assim, não posso nem quero de forma alguma dizer que vir de Erasmus é algo mau. Efetivamente, o problema é meu em não me adaptar muito bem a estas mudanças. Por agora vou passar o Natal e a Passagem de Ano a Portugal e depois regresso durante mais um mês para terminar esta aventura.