Começaram, no terreno, as obras para a modernização e eletrificação do troço ferroviário entre Nine e Viana do Castelo, anunciou esta manhã a Infraestruturas de Portugal (IP), entidade responsável pela obra. Com um prazo de execução previsto em 540 dias e um custo de cerca de 16 milhões de euros, esta obra é a primeira de duas etapas da profunda intervenção na Linha do Minho.

Os objetivos principais da obra passam pela redução do tempo de trajeto, eliminação de passagens de nível e construção de desnivelamentos e ainda pelo incremento da capacidade de transporte de cargas, que a IP prevê triplicar. A empresa destaca também a construção de três novas estações – em Midões, Afife e Cerveira-Norte – e alterações ao desenho e configuração das estações de Barcelos, Darque e Viana do Castelo. Com uma extensão de 44 km, são atualmente necessários 58 minutos, num comboio a gasóleo, para efetuar o percurso entre Nine e Viana. No entanto, os atrasos são frequentes.

A cerimónia ocorreu esta segunda-feira na presença do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, que confirmou a adjudicação da empreitada a um consórcio entre a Mota-Engil e a Somafel. A IP justifica a importância da obra com o “elevado fluxo de circulação” em zonas com “grande densidade populacional”, apesar de “predominantemente rurais”, declarações que já havia prestado quando o concurso público foi lançado.

O ComUM contactou a CP, Comboios de Portugal no sentido de perceber se as obras provocarão perturbações na circulação normal dos comboios, estando até ao momento a aguardar reposta por parte da empresa responsável pela gestão dos comboios em Portugal.

A concretização do projeto possibilitará a circulação de comboios elétricos no Minho, tal como acontece em grande parte do país – aliás, é apenas no Minho, Douro, Oeste e Algarve que ainda circulam composições a diesel. O transporte no Minho e no Douro tem sido feito por 17 automotoras a diesel, alugadas a Espanha e pelas quais a CP paga anualmente quase cinco milhões de euros.

Prazos estão a ser cumpridos

A IP definiu o primeiro trimestre de 2017 como data para o início das obras, prazo agora cumprido, já que “o auto de consignação desta empreitada marca o arranque dos trabalhos no terreno”. Prevê-se que as obras decorram até ao segundo trimestre de 2018, data em que se procederá a testes e certificações.

A modernização e eletrificação da Linha do Minho está a ocorrer em duas etapas. A primeira delas diz respeito ao troço Nine-Viana do Castelo e a segunda, mais tardia, ao troço Viana do Castelo-Valença.

As obras entre Viana do Castelo e Valença deverão arrancar em julho deste ano. É na cidade fronteiriça de Valença que se fará a ligação ao país vizinho, uma das prioridades da empresa pública. “A concretização do projeto de modernização reveste-se de extrema importância na ligação da rede ferroviária nacional a Espanha, aumentando a capacidade portuguesa na exportação de mercadorias”, esclarece a gestora da estrutura de caminhos-de-ferro em Portugal.

A correr como previsto, será no segundo trimestre de 2019 que o troço Nine-Valença estará integralmente renovado e pronto a ser utilizado por comboios elétricos, uma promessa antiga. O projeto está atualmente orçado em 83 milhões de euros, financiados a 85% por fundos comunitários.