Malibu é o álbum de afirmação de Anderson .Paak. Depois de participações sensacionais, em 2015, em trabalhos como os do The Game e Dr. Dre, Anderson .Paak concentrou em si muitos olhares, levantando altas expetativas para o ano seguinte. Brandon Paak Anderson não defraudou, e através da sua multifacetada veia artística, afirmou-se não só como uma revelação, mas também como um dos artistas do ano de 2016, no alargado e hibridizado campo do rap atual.

much.com

much.com

Malibu emana uma energia veranil contagiante. Se a famosa costa californiana de Malibu dá nome a este projeto, não é difícil perceber porquê. Todo ele tem uma sonoridade que nos transporta para o verão, mas que nos alimenta o ouvido durante todo o ano. Malibu é famosa pelas suas praias e as de Anderson .Paak são muitas. O cantor/rapper, nomeado também para artista-revelação, tem uma pluralidade musical estonteante. Do rap ao R&B, do soul ao funk, mesclando modernidade e tradição. Flows dinâmicos de puro rapper, um groove carregado, uma voz rouca singular que dá dimensão vocal ao longo das músicas.

A composição instrumental é também ela diversificada. Instrumentos de cordas, percussão, trompetes, saxofones, pianos, todos eles desfilam pelo álbum com uma autonomia e complementaridade notável.  Tudo isto e muito mais num álbum eclético e demonstrativo que .Paak não pisa só uma “praia” (domínio artístico), mas sim várias.

Malibu é uma celebração total da vida de Anderson .Paak e como ele a aproveita. Do crescimento complicado com o que de positivo ele conseguiu retirar. Do sucesso que advém desse otimismo. Ao longo de todo o álbum, Anderson .Paak vai mencionando as diferentes fases pelas quais uma relação amorosa passa. Numa viagem musical, ele parece falar sempre da mesma mulher. Em todo o projeto mostra o seu agradecimento àqueles que o ajudaram a atingir o sucesso, sendo a mãe a principal visada. Porém, esse sucesso tem a sua face mais negra, recusando-se a cair no erro de se perder nos caminhos da fama.

Quanto ao amor temos, por exemplo, “Heart Don’t Stand a Chance”, que começa por explorar a fase de sedução. Daí progride para “Put Me Thru”, que introduz dicotomias como do amor/ódio e do prazer/dor. Segue-se “Water Fall” e o seu tom sexual e ainda “Silicon Valley”, com Anderson .Paak a preocupar-se com a ligação interior.

O amor apesar de ser tema-base, não desempenha papel principal a solo neste álbum. Todo ele gratifica quem o apoiou e a visão que imprimiu à vida, ajundado-o a crescer. Na primeira música, “The Bird”, Anderson não se limita à parte vocal, mostrando as suas habilidades como produtor. Nesta música desabafa como foi crescer com alguns problemas, mas que o caminho do triunfo sempre esteve traçado, graças a amigos e família. No primeiro single, “The Season/Carry Me”, dividido em duas partes, .Paak volta a mostrar gratidão pelo que vai conquistando. O cantor vai imprimindo sempre ritmos diferentes, com um “Carry Me” em que agradece o apoio da mãe.

Tudo isto culmina com a apologia da celebração e do aproveitar o momento. Que o caminho foi custoso, mas que agora é preciso aproveitar os dividendos. Com “Am I Wrong”, “Come Down” e “Celebrate” procura-se o carpe diem. Nesta última música, a minha preferida, .Paak apercebe-se da efemeridade de tudo isto e num tom mais controlado, mantém a ideia de celebrar ao máximo.

Finalizando em beleza, Anderson .Paak acaba com “The Dreamer”. Uma perfeita analogia ao que ele é como artista. Uma mescla de influências do passado com um presente moderno. A conquista do sonho é celebrada neste culminar do álbum.