“Vamos lá continuar o nonsense”. As palavras são de PZ a meio do concerto que deu, sábado, em Famalicão, na Casa das Artes. Frase que pode funcionar como resumo da primeira atuação de PZ em “casa”, onde o absurdo foi a palavra de ordem.

Passaram dois anos desde o lançamento de “Mensagens da Nave-Mãe”, álbum que estabeleceu a personagem criada por Paulo Zé Pimenta mas só agora o músico pisou os palcos da terra-mãe. É que PZ nasceu em Mouquim, uma pequena freguesia de Famalicão e isso foi surpresa para algum do público presente.

Mas as surpresas tinham começado antes. A poucos minutos do relógio bater na hora certa, quatro músicos sobem ao palco. Todos de pijama, todos de pantufas. Como que aterrados dessa mesma nave-mãe embarcada em 2015, agora o objetivo é outro: apresentar “Império Auto-Mano”, álbum lançado este mês.

Os sintetizadores estavam prontos e a festa começou. “Bestas”, “Neura” ou “Croquetes”, que teve direito a refrão entoado coletivamente, eram preenchidas pelos passos de dança que o músico famalicense apresentava em palco ao ritmo da batida eletrónica.

Lá pelo meio apareceu “Império Auto-Mano” com “Caga Nela” que entrou no lote das mais bem-recebidas pelo público ou “Zona Zombie”, que PZ apresentou como sendo uma das preferidas do novo álbum.

“Espera aí que tenho que acabar isto, tenho que fazer isto, tenho que acabar isto”

Mas o absurdo iria acabar por aparecer outra vez. A meio do concerto a população do palco é reduzida a metade para uma breve intromissão. PZ chamou DB ao palco para duas faixas: “Tu És A Minha Gaja” e a esperada “Cara de Chewbacca”, que trouxe a PZ companhia para dançar: uma mulher mascarada com a cabeça da personagem de “Guerra das Estrelas”.

A interação de PZ com o público foi permanente, fosse para resumir o que vinha a seguir, discutir as freguesias de Famalicão com o melhor nome ou até para chamar atenção para o facto de na plateia estar alguém especial. A avó do músico estava pela primeira vez num concerto do neto. Viu-o “continuar o nonsense”, como o próprio referiu.

A despedida deu-se com “Olá”, com PZ a repetir: “Espera aí que tenho que acabar isto, tenho que fazer isto, tenho que acabar isto”. Mas não acabou. A verdade é que voltou. Ainda tinha duas na manga do pijama. Uma delas era “Introdução Maligna”, que permitiu uma ronda à sala com a mesma pergunta: “tá-se bem? E aí? tá-se bem, ok?.” E pela mistura de risos e aplausos, a resposta era positiva.

Antes de ir para a cama, o homem do pijama não esqueceu esse afeto e não deixou a Casa das Artes sem lembrar: “Com PZ quem ganha é você!”. Pediu-se mais mas a festa tinha mesmo chegado ao fim.