Um concerto de Capitão Fausto sentado e no Theatro Circo? Sim. O auditório principal encheu-se ontem para um espetáculo da banda, com temas mais antigos e mais recentes. As opiniões do público dividiram-se, mas o entusiasmo marcou posição e houve lugar para surpresas.
A formalidade do espaço ajudou a refletir-se no concerto, a par da evolução da banda e da sua “Digressão n’Os Teatros”, em vigor. Se em anteriores digressões, os Capitão Fausto apresentavam-se mais despreocupados e descomprometidos. Nesta tour, os fatos que vestiam em palco, foram o primeiro indício de que já não são os mesmos que, em tempos, tocavam versões da banda norte-americana Metallica.
Abriram o concerto com “Lameira”. O tema finaliza “Pesar o Sol”, nome do segundo disco de originais dos lisboetas. De seguida e sem qualquer pausa, viajaram para a idade adulta, onde de “Semana em Semana” as obrigações se acumulam. “Os Dias Contados”, música que que dá título ao mais recente álbum foi a primeira a ser entoada pelo público presente.
Passaram pelos três trabalhos de originais que acumulam, não esqueceram os singles nem os temas menos tocados ao vivo. Como é o caso de “Flores do Mal” e “Pesar o Sol”, músicas que voltaram a ser apresentadas em palco nesta nova digressão por teatros de norte a sul.
O carinho que os fãs sentem por “Corazón” demonstrou-se numa das maiores ovações da noite. Domingos Coimbra, baixista da banda, recompensou o público com uma declaração de simpatia pela cidade de Braga. Um “Viva a Braga!” despoletou de imediato inúmeras reações de orgulho na plateia.
O mais recente sucesso dos Capitão Fausto foi tocado de maneira diferente. Logo após “Santa Ana”, o novo arranjo para “Amanhã Tou Melhor” fez toda a gente sentir que naquele momento é que se estava melhor e não no dia seguinte. Este tema está nomeado pela Sociedade Portuguesa de Autores para melhor música popular portuguesa de 2016.
Não faltaram pedidos para tocarem o seu primeiro grande sucesso, porém, “Teresa” não fez parte do alinhamento para este concerto. Já “Verdade”, segundo single de “Gazela”, o primeiro disco, fez as delícias de quem acompanha a banda desde o seu início.
Despediram-se pela primeira vez com “Morro na Praia”, mas voltaram para mais dois temas. “Alvalade Chama Por Mim” começou apenas com o frontman do grupo, Tomás Wallenstein, e a sua guitarra, para depois ser acompanhada pelos restantes membros. A verdadeira despedida foi acompanhada por “Tem de Ser”, último single do disco mais condecorado dos Capitão Fausto até ao momento.
À saída, o público estava dividido. Apesar de esgotado, José Carvalho, um dos espetadores, expressou que “já não é a primeira vez que o público do Theatro Circo é mais frio” e que “acontece porque o público-alvo desta sala é mais abrangente e familiar, trazendo muitas pessoas ao engano, apesar de terem pago bilhete.” O espetador acrescente ainda que “não é um defeito deste concerto em específico, é algo recorrente no público do Theatro Circo.”
Com um olhar distinto, o público satisfeito superioriza-se. Anabela Silva destacou os efeitos e luzes envolventes, assim como a adaptação das músicas ao local, “sendo que o público passou o concerto sentado, foram capazes de fazer momentos mais slow e momentos mais agitados que tornaram a experiência única.”.
“Foi, sem dúvida, um concerto único!” Ana Ramos referiu que “não existiram quaisquer aspetos negativos, desde a setlist, que não só incluía as fantásticas músicas do mais recente álbum mas também alguns dos mais conhecidos singles de trabalhos anteriores, a um fantástico espetáculo de luzes.”
A solidez da banda foi relevante para Fernando Castelar. “Houve uma atuação sólida por parte da banda, sendo percetível o trabalho e dedicação de todos os seus elementos no que toca à coordenação das músicas apresentadas e organização do espetáculo”, afirmou.
Os Capitão Fausto voltam aos palcos no dia 3 de março para atuarem no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, no âmbito da “Digressão n’Os Teatros”.