Com a plateia do Theatro Circo sentada, ouve-se: “O espetáculo vai começar”. Mas, na verdade, o espetáculo começou muito antes. Por detrás do palco, das luzes e das palmas.
Para quem entra, a meio da tarde de sexta-feira, no Theatro Circo, tudo parece parado e silencioso. Mas, quanto mais perto do palco e dos bastidores, percebe-se que já está tudo em frenesim com os preparativos para a noite de espetáculo que se avizinha – o musical “Dreamland”, organizado pelo Conservatório de Música Calouste Gulbenkian.
A encenadora, Leonor Afonso, conta que lhe foi pedida “uma adaptação do musical original”. Leonor trouxe “a história para a contemporaneidade”. Esta nova versão da história passa-se num casino, em Macau. Na visita de alguns elementos da Máfia Americana a este casino, um deles apaixona-se por uma bailarina e a história desenrola-se à volta desta história de amor.
“Os alunos comportam-se muitas vezes como profissionais”, pois o seu nível é “bastante elevado, assim como o nível da escola”. Este projeto levou cerca de 2 meses a montar e envolve quase 200 pessoas, distribuídas entre orquestra, coro e solistas.
Entre maquiagens e penteados estão agora os protagonistas da história. Segundo Juliana Campos, que dá corpo à personagem “Gigi”, a parte mais desafiadora deste papel foi “fazer a parte sensual”. Ela conseguia, “mas tinha que ser ainda mais”. Eram 44 pessoas a fazerem provas para solistas e apenas havia três papéis femininos disponíveis, o que tornou o processo mais demorado que o normal, conta Juliana. “Os ensaios foram cansativos, mas foi espetacular”.
“Kim”, interpretada por Constança Duarte, confessa que algumas das dificuldades passaram por nunca ter havido “uma história assim”. “Há sempre finais felizes. Agora as coisas são muito mais realistas, temos que fazer as coisas mais credíveis”. Quanto aos ensaios Constança conta que não lhe custaram “nada”. “Apesar de serem cansativos, não me custaram porque estão a ser uma coisa fantástica e tenho muita pena que acabe”, confessa Constança.
Diogo Ferraro interpreta o papel de “Cris”, a personagem principal masculina. Diogo explica que, “com a ajuda das professoras de canto e com os ensaios, as coisas acabam por ser mais fáceis”. A parte mais difícil é ficar no palco sozinho. Não tem ninguém em quem se apoiar e contracenar. Quanto à envolvência das personagens “Kim” e “Cris”, Diogo diz, entre risos, que “não houve constrangimentos e criamos uma empatia engraçada”.
Chega a hora do espetáculo, são 21h30 e a sala do Theatro Circo está repleta de entusiastas da música e dança. Apagam-se as luzes, o musical começa.