Foi o cumprir de um desejo antigo de Miguel Araújo: tocar no “mítico” festival “Sons de Vez”. “Sempre tive uma certa ciumeira de nunca cá ter vindo”. O artista portuense encheu o auditório da Casa das Artes de Arcos de Valdevez, no passado dia 11 de fevereiro.
Solitário e de guitarra em punho cantou de frente para o público. Já encheu os coliseus, mas as salas pequenas são “muito mais assustadoras”. Nas grandes salas, o público é uma “massa anónima”, aqui, o músico consegue ver “as caras”.
E foram muitas as que viu na Casa das Artes. Todas para ouvirem Miguel interpretar as suas composições, algumas já bem conhecidas do grande público. Mas cantar não é a “praia” onde gosta de estar. Prefere compor melodias e escrever histórias.
Algumas nem se podem chamar “histórias”. São “um retrato parado no tempo, porque não têm princípio, nem meio, nem fim”.
São, isso sim, “retratos soltos do nosso dia a dia”. Não se consegue alhear do que o rodeia, mas, sempre, sem moralismos.
A música, fiel companheira de vida, agarrou-o “quando era pequenino” e nunca mais o largou. Afirma-se “obcecado” por esta arte e quando não tem junto de si um instrumento, pratica “ritmos com os dedos” e pensa em melodias.
Tudo por gozo próprio e para dar resposta às “encomendas”. Compôs para Carminho, António Zambujo, Ana Moura, Raquel Tavares e Ana Bacalhau. Na hora de escrever tem sempre presente a individualidade de cada um deles. “Uma pessoa está a cantarolar quase personificando esse intérprete”.
As palavras foram uma constante na sua vida. Desde sempre que foi um interessado pelo seu som e em ir correr para o dicionário descobrir o significado dos termos mais esquisitos. Mas o que o trouxe até aqui? Não sabe bem.
“Crónicas da Cidade Grande” marcou o percurso do artista em 2014, 2015 e 2016, porém está para chegar um “novo stock de músicas”, com uma “produção musical diferente”. Sempre com a “marca Miguel Araújo”. Em abril chega ao público e Miguel promete correr Portugal de lés a lés.
Texto: Tânia Gomes
Vídeo: Diogo Costa e Norberto Valente