A horas de um dos jogos mais importantes da época trago-vos, numa antevisão exclusiva do ComUM, as minhas substituições de última hora para a equipa principal dos Óscares 2017.
Treinador – Realização
Para o lugar de treinador/realizador as escolhas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas são sólidas e bem pensadas. Talvez arranjasse um lugar extra na equipa para um treinador mais experiente como Martin Scorcese, com “Silence”, uma das suas melhores obras. Em último caso, se a substituição tivesse que ser imperativa, escolheria o pior dos melhores: Denis Villeneuve, realizador de “Arrival”. Não o escolho por falta de mérito, mas pelo facto de, na minha opinião, dos nomeados para esta categoria, “Arrival” ser um filme que não está muito influenciado e dependente do realizador, mas sim da narrativa e dos actores.
Extremos – Melhor actor/actriz
Para a dupla de extremos há, a meu ver, umas escolhas algo infundadas. Viggo Mortensen faz um bom trabalho com “Captain Fantastic”, mas não existe muita criatividade, sendo que, nesta posição, é das coisas mais importantes para desconcentrar a defesa adversária. A substituição seria feita e, no seu lugar, entraria Colin Farrel, com o seu trabalho em “The Lobster”. Um trabalho sólido e, ao mesmo tempo, inesperado e inventivo.
Do lado direito temos das escolhas mais erradas que observei nesta edição dos Óscares. Meryl Streep, uma actriz com grande mérito e com uma carrada de prémios (bem) merecidos, faz das suas piores performances em “Florence Foster Jenkins”, um filme que, no seu geral, segue a performance de Meryl. No seu lugar, sem grande discussão, entraria Amy Adams em “Arrival”: uma performance que, em grande parte, tornou o filme na obra sólida que é. Trata-se de uma actriz que absorve a personagem e nos torna muito difícil imaginar o papel feito por outra actriz.
Médios Ala – Melhor actriz/actor secundária(o)
Numa posição de apoio aos avançados trago também algumas substituições: Michelle Williams em “Manchester by the Sea” foi uma actriz que não mostrou qualquer apoio. A performance de Casey Affleck foi muito boa, não por causa de Michelle, mas sim apesar dela. A ex-mulher de Lee Chandler é uma personagem muito complexa e Michelle não conseguiu mostrar isso de forma eficaz. Neste caso não tenho substituições, mas preferia jogar com menos um do que ter Michelle na equipa.
Do outro lado Jeff Bridges faz o que já fez e faz o que outros também já fizeram. O actor de “Hell or Highwater” não nos traz nada de novo e cria uma personagem esquecível. Por outro lado, Aaron Eckhart, Jeff Skiles em “Sully”, não faz um trabalho por aí além, mas permite a Tom Hanks fazer uma grande performance e ajuda a contar uma grande história.
Guarda-redes – Melhor Filme de animação
Para a posição de guarda-redes, uma posição que requer grande sentido de timing (princípio fundamental no mundo da animação) e muitas vezes desvalorizada no mundo do futebol, como também o é a animação no mundo do cinema, há uma substituição fundamental que precisa de ser feita: Moana, uma das minhas maiores desilusões do ano, não traz nada de novo. Tem uma animação sólida da Disney, mas com uma narrativa “mais do mesmo”, com vários plot holes e personagens pouco complexas. Do outro lado do Pacífico, “Kimi no na wa” (Your Name), uma das melhores obras de anime do ano, cai em completo esquecimento pela academia. Uma obra que junta drama, comédia e fantasia de uma forma mágica, com personagens impactantes que acompanham uma linda animação.
Apesar das minhas substituições não percam os Óscares 2017, dia 27 à meia-noite, com a transmissão com o áudio original, na Sic Caras.