Lançado em janeiro, Oczy Mlody é o 14º álbum de originais dos Flaming Lips. A banda de Oklahoma, que conta já com mais de trinta anos de carreira, mantém a sua estranha personalidade e apresenta um álbum pouco interessante.

jambase.com

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Em Oczy Mlody, os Flaming Lips atualizam a sonoridade que experimentaram no The Terror de 2013. O novo projeto está carregado de uma estética ambient flutuante e beats eletrónicos emprestados do hip-hop. As composições são relativamente curtas, contudo parecem muito mais longas e arrastadas. Logo na primeira faixa, depois do primeiro minuto a canção já se desgastou e ainda dura por mais um minuto.

A sonoridade do projeto é muito repetitiva. As faixas vivem dentro de um denso reverb. Não têm grande coerência e são ancoradas por beats pouco desenvolvidos.  O álbum apresenta ainda das piores composições líricas que ouvi da banda. Alusões a contos de fadas são recorrentes tanto nas letras como nos títulos das canções. “The Castle” e “There Should be Unicorns” são os principais exemplos deste problema. Estas faixas exibem letras infantis e chatas, para além de terem beats eletrónicos aborrecidos e mal aproveitados.

O que torna o álbum minimamente bom são as diferentes oscilações de tons e o trazer de diferentes elementos que de vez em vez formam sons e estéticas atraentes. A meio de “Galaxy I Sink”, a faixa passa a sustentar-se apenas por cordas cruas com um leve zumbido de reverb que vai crescendo no background até explodir numa tenebrosa orquestra eletrónica. A segunda parte de “Negdy Nie” também dá um twist interessante à canção, trazendo para a dianteira um tom funk psicadélico e futurista.

É de tirar o chapéu à coerência estética do álbum. Note-se que os Flaming Lips tinham uma ideia concreta como tema deste álbum, e executaram-na. As canções ligam-se perfeitamente e nenhuma parece fora de sítio.

A canção “Listening to Frogs with Demon Eyes” é algo a ser realçado. A nona canção é a melhor canção do alinhamento. Ambientada num pântano obscuro, ouvem-se sons de sapos e grilos, e a sonoridade transmite todo um mundo cinemático muito bem concretizado.

Neste álbum, os Flaming Lips partiram numa aventura com um destino estabelecido, mas a meio perderam-se num mundo de fadas. Oczy Mlody é daqueles álbuns que vemos que tem algo lá dentro, mas que no fundo não é nada de especial.