Finda a edição de 2017, com a bilheteira esgotada, foi alcançado o propósito definido para esta edição do festival de dança “GUIdance”: o de criação de um espaço de interação que permitisse a aproximação entre o público e os atores, despertando reações diversas e apaixonadas. Passou-se entre os dias 2 e 11 de fevereiro, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.
As expectativas para esta sétima edição foram “sempre de consolidação e evolução da proposta de um programa completo”, contou Rui Torrinha, diretor artístico do evento.
As atividades paralelas ao Festival Internacional de Dança Contemporânea afirmaram-se como uma forma de “enraizar o festival no território”. Desde masterclasses, viajando por sessões de conversas com o público após cada espetáculo, e culminando na criação do jornal do festival. Numa dimensão de estimulação da opinião crítica, o público pôde “fazer um percurso pelos seus gostos”.
Esta sétima edição caracterizou-se principalmente pelo risco investido, advindo da proposta que o próprio Rui Torrinha e Tânia Carvalho, coreógrafa em grande destaque no cartaz deste ano, desenvolveram em conjunto: “A criação de um momento único em que uma coreógrafa [Tânia Carvalho] faz um solo”. Foi, de facto, “uma situação inusitada, em que o diretor artístico se colocou no papel do criador”.
“O diretor é tão refém quanto o público”, já que, ainda que assista a alguns ensaios, é tão surpreendido quanto aqueles que estão de fora. Tanto por obrigação, como por privilégio, o diretor artístico assiste a todos os espetáculos.
Mas, quando questionado sobre aqueles a que mais ansiava assistir, admite que “pelo risco que envolveu e pela curiosidade em ver a artista”, a resposta são os espetáculos de Tânia Carvalho.
Primeiro, a remontagem da peça que trazia do seu vasto repertório, que Torrinha já conhecia e já depreendia que deixaria o público extasiado. Segundo, e principalmente, a curiosidade em descobrir “como é que a Tânia correspondia à expectativa de fazer um solo num grande auditório”.
Dos momentos mais divertidos do evento, o diretor artístico do “GUIdance” destaca uma cena da peça de Jonas & Lander – uma das estreias nacionais – que surpreendeu o público. Os atores guardavam uma garrafa de champanhe dentro de um aquário com peixes vivos, retiraram-na e abriram-na, molhando o público – ao mesmo tempo que, inopinadamente, é largado um peixe gigante voador da régie, que sobrevoa o já bastante surpreendido público.
De referir que, à 7.ª edição, “o festival é muito jovem e fecha com uma coisa extraordinária que é o auditório esgotado com a peça de Wim Vandekeybus”. A resposta da comunidade artística foi “ótima” e os artistas não só se mantiveram no local dos espetáculos após a sua participação, como fizeram questão de assistir aos espetáculos uns dos outros.
A próxima edição “já está mais ou menos pensada”. Parte-se sempre de uma temática, sendo que a de 2017 foi a questão da autoria, e a de 2018, por um lado, se focará no serviço educativo.
Contará com a oferta de um programa mais jovem, e, por outro lado, no reforço da “relação de Guimarães com as artes e o mundo da dança contemporânea”, exaltando o coração de Guimarães, outrora Capital Europeia da Cultural, e o investimento da cidade na criação.
Concretamente, pretende-se impulsionar a relação entre o “GUIdance” e a cidade, intensificando “a vivência da dança no sentido de deixar no território um conhecimento e competências tais que lhe permitam criar”.