Num dos jogos mais aguardados pelos embaixadores e progressistas do futebol feminino português, a equipa do SC Braga deslocou-se ao estádio José Alvalade, saindo derrotada por uma bola a zero, em desafio a contar para a 18ª jornada da Liga Allianz. Apesar da tremenda organização que implementaram desde o primeiro minuto, as “Gverreiras dos Minho” não conseguiram suprimir as investidas “leoninas”, que festejaram a vitória no último instante, graças ao golo solitário de Solange Carvalhas.
O confronto entre as duas melhores formações do campeonato fazia antever um duelo calculista, organizado e difícil de desfazer. De um lado, tínhamos um Sporting apologista do produto nacional, com um plantel 100% português; do outro, um Sporting de Braga mais internacional, visto ter no plantel várias jogadoras estrangeiras com experiência em campeonatos de maior dimensão.
O Sporting, sempre fiel ao 4-3-3, com um triângulo invertido no meio-campo, apresentou-se com a formação habitual que garantia muitos golos marcados (75) e um número residual de sofridos (9). Já o Sporting de Braga, sem surpresa, optou por repetir o onze que havia goleado o Futebol Benfica, mesmo havendo a expectativa de um hipotético regresso à titularidade do trio Edite Fernandes, Jéssica Silva e Andreia Norton.
Com Ottilia Livia no papel de “9”, o treinador João Marques procurava uma clara referência ofensiva, entregando às espanholas Natália Sanchez e Claudia García a missão de travar a progressão das laterais muito ofensivas do Sporting. O início, no entanto, revelou-se difícil para as minhotas dada a pressão muito alta das adversárias, que montaram um meio-campo muito coeso formado por Tatiana Pinto, Fátima Pinto e Sara Granja.
Depois de vários calafrios provocados pela tecnicista Ana Borges, o Braga conseguiu libertar-se das amarras, partindo com perigo até ao último terço do terreno de jogo. O expoente máximo deste revés surgiu ao minuto 15, após um livre eximiamente marcado que encontrou uma atenta oposição de Patrícia Morais.
A grande organização defensiva não abria espaço para grandes incursões do Sporting mas também não permitia ao Braga atacar convenientemente e com perigo. Desta forma, o técnico minhoto fez entrar Jéssica Silva para o lugar de Natália Sanchez, procurando maiores desequilíbrios no ataque. As diferenças foram notórias porém, até ao intervalo, foi o Sporting quem voltou a estar perto do golo, através de Joana Marchão, que permitiu uma enorme defesa a Rute Costa.
Na segunda metade, o equilíbrio manteve-se como nota dominante, com grandes oportunidades para os dois lados. Dos pés de Jéssica Silva saíram os lances de maior magia por parte do Sporting de Braga, nomeadamente aos 60 minutos, ao passar por duas adversárias, caindo depois na grande área, sem falta no entendimento da árbitra internacional Ana Sofia Aguiar. Do outro lado, Fátima Pinto teve tudo para inaugurar o marcador, após matar a bola no peito, mas encontrou pela frente uma enorme mancha protagonizada por Rute Costa.
O ritmo do jogo ia aumentando à medida que os minutos passavam, o que fazia prever um final de loucos. Depois de se ter lesionado frente ao mesmo adversário, na primeira volta, o azar voltou a bater à porta de Andreia Norton, que tinha entrado para guardar a bola. A sua saída acabou por ser preponderante, já que permitiu ao Sporting agigantar-se e criar dezenas de oportunidades de golo.
No último minuto, Ana Borges encheu-se de esperança, rasgou a defesa bracarense e conquistou uma grande penalidade que viria a ser batida com sucesso pela capitã Solange Carvalhas.
Pela primeira vez na temporada, o Braga saiu derrotado mas contribuiu para uma página de histórica marcante na modalidade, perante mais de nove mil adeptos, um record de assistências. As “Gverreiras” regressam a casa no próximo dia 12 de março para dar continuidade à luta pelo título de campeãs nacionais.