Os candidatos a representantes dos docentes e investigadores no Conselho Geral (CG) fizeram-se ouvir num debate, esta quarta-feira, que se assemelhou mais a uma leve conversa do que um confronto. Rui Vieira de Castro, João Monteiro e Óscar Gonçalves, líderes das listas A, B e C, respectivamente, não fugiram ao seu programa eleitoral. O evento realizou-se no CP1 do campus de Gualtar.
O debate passou-se sem um único membro intervir sobre as palavras de outro. Não existiram interrupções, nem vozes levantadas. Carlos Cunha, o moderador, resumiu-se a contar o tempo, e não colocou uma questão, preferindo passar directamente às questões do público após as declarações iniciais.
Um dos pontos divergentes entre as listas foi, como já se sabia, as suas opiniões sobre o modelo fundacional. Rui Vieira de Castro passou o debate a defender a passagem a fundação. “Consideramos que o modelo fundacional defende melhor o papel da UMinho como instituição publica”, afirmou o cabeça-de-lista da lista “Afirmar a Universidade, Valorizar as Pessoas, Ganhar o Futuro!”.
Já João Monteiro, da lista “Uma Universidade de Todos para Todos”, e Óscar Gonçalves, da “Universidade Cidadã”, mantêm-se cautelosos sobre o modelo fundacional. João Monteiro repetiu o que já tem dito, afirmando que este não é um assunto desta eleição. “Apenas podemos dizer daqui a quatro anos se podemos abandonar o modelo fundacional”. Óscar Gonçalves, da Universidade Cidadã, a lista que se opôs à passagem a fundação no anterior do mandato do Conselho Geral, afirma: “somos vigilantes e críticos em relação à fundação, e estamos atentos aos riscos que podem decorrer”.
Outro aspecto que foi recorrente ao longo do debate foi a candidatura de Rui Vieira de Castro a reitor. O antigo vice-reitor afirmou, sem rodeios, que seria candidato à reitoria da UM: “este movimento anuncia a intenção de apoiar a minha candidatura à reitoria da Universidade. Se temos uma visão para a universidade, essa tem lugar importante no CG”.
João Monteiro é um claro opositor a esta ideia, criticando fortemente a candidatura de um representante do Conselho Geral à reitoria. “O apresentar uma candidatura a reitor ao mesmo tempo que apresenta candidatura ao CG condiciona os candidatos dessa lista”, diz, acrescentando que isto afecta a pluralidade do órgão.
Apesar destas divergências, todos os candidatos mostraram-se unânimes em grande parte dos assuntos questionados pelos docentes e investigadores na audiência. Aliás, Óscar Gonçalves disse mesmo: “De facto, não preocupa o que nos une”. Sobre a transparência nas candidaturas e no CG, o professor catedrático de Psicologia afirmou: “Transparência é dizer àquilo que vamos, e o que oferecemos fazer”. E Rui Vieira de Castro confirmou a ideia: “Abrimos completamente o jogo, e esperamos que os nossos colegas reajam positivamente a este proposto”.
Sobre a praxe, os candidatos elogiaram o estudo apresentado a semana passado, e todos acrescentaram que a UM não pode ignorar o fenómeno, apenas por esta se passar fora dos campi da universidade. A mesma concordância notou-se em questões como o excesso de burocracia nas questões administrativas das investigações, e a fusão de escolas. “Uma fusão de escolas, determinada de cima para baixo, nunca funcionava”, diz João Monteiro, numa linha que espelha a ideia dos três cabeças-de-lista.
Numa conversa dominada pelo modelo fundacional e pela reitoria, poucas foram as diferenças entre as listas. Ficou uma imagem de diálogo, de acalmia, e de orgulho pela academia. “Onde há diferenças é no caminho que está a ser proposto para chegar a um resultado”, afirmou Vieira de Castro. De facto, discordâncias procuram-se.