O palco do Theatro Circo recebeu ontem António Zambujo e o álbum “Até pensei que fosse minha”. No dia 25 de abril, foram muitas as pessoas que quiseram ouvir o português dar voz às músicas de Chico Buarque, “o maior letrista que escreve em língua portuguesa”, segundo o cantor.
O palco da sala cor de cravo desvendava já o ambiente intimista que se viveria no concerto. Uma secretária, uma pequena estante e os instrumentos.
Os músicos José Miguel Tordo (clarinete), João Moreira (trompete), Ricardo Cruz (contrabaixo) e Marcelo Gonçalves (sete cordas) entraram seguidos de António Zambujo. “Que saudades!”, admitia o cantor enquanto se ouviam os primeiros acordes de “Futuros Amantes”.
Ao som de “Folhetim”, o público envolveu-se na voz do cantor. “Geni e o Zepelim” terminou com muitas palmas e com uma confissão de Zambujo: “Este teatro é fantástico! É um gosto muito grande estar aqui”.
“Quantos artistas entoaram baladas paras as suas amadas?” Começou a sonorizar-se “Cecília”, que hipnotizou a plateia. Seguiu-se “Joana Francesa”, o que colocou à prova o francês do cantor.
Para “João e Maria”, apenas António Zambujo e Marcelo Gonçalves ficaram no palco. Um momento de grande cumplicidade entre os músicos e o público deu-se em “Até pensei”. “Foi desta música que tiramos o título do disco”, explicou Zambujo. Depois, em tom de brincadeira, o artista prosseguiu: “Chega uma altura em que pensamos que as músicas são nossas. Mas depois acordamos e percebemos que não são. E ficamos com raiva do Chico [Buarque]”.
A voz do alentejano embalou a plateia em “Morena dos Olhos d’Água”. O palco escureceu para dar ênfase aos músicos em “Mambembe”, “Qualquer canção” e “Tatuagem”, canções que não fazem parte do álbum.
A interpretação de “Cálice” fez algumas pessoas levantarem-se para aplaudir. “Fecho os olhos, bebo uma vodca. E vou”, também o público foi com Zambujo, ao som da melodia de “Nina”.
“Está tudo bem? Vocês estão bem?”, perguntava-se no palco. Um grande “Sim” foi a resposta que iniciou “Januária”, onde a plateia marcou o ritmo, ora com pé, ora com a mão. Os presentes divertiram-se a seguir com “O meu amor” mais o humor do artista, que suspirava “Ai, ai”.
“Não me apetece sair daqui. Está um cenário tão bonito!”, dizia o cantor. “É muito bom ter a sorte de fazer aquilo que mais gostamos e ter pessoas que nos queiram ouvir”, confessou. Quando “Tanto mar” terminou, muitas foram as palmas que se ouviram. No palco, fizeram-se as despedidas, para logo voltar.
A voz de António Zambujo conduzia o espetáculo ao final. “Todo o sentimento” antecedeu “Valsinha”, que emocionou quem se deixava enfeitiçar. “Injuriado” terminou a noite, com os músicos sentados no chão, desafiando o público a sambar.
A sala pôs-se de pé para aplaudir o artista e os seus músicos, numa prolongada ovação. No dia em que se festeja a Revolução do 25 de abril, foi a música quem mais ordenou no Theatro Circo.
António Zambujo continuará em digressão pelo país e pela Europa com “Até pensei que fosse minha”, um disco composto por temas da autoria do brasileiro Chico Buarque. O próximo concerto acontece no próximo dia 5 de maio, em Évora.