É sábado à noite e já passa das 22h00. Já há quem esteja sentado no café Mavy à espera que João Santos e Sara Esteves comecem a atuar. Juntos, formam os Daily Misconceptions: João toca música eletrónica e Sara controla as imagens.

As mesas do interior da Livraria Mavy estão todas ocupadas. A atuação vai começar. ” Our Little Sequence of Dreams” é o nome do álbum que os Daily Misconceptions apresentam esta noite. A eletrónica e o instrumental vão dominar a sala.

O relógio marca as 23h30 e João toca “Little grains of rice running away from a plate in fear of the choopsticks” e a Sara brinca com as imagens. Aqui, falam-se de pequenas falsas ideias e de experiências do quotidiano.

Depois de quarto EP, chegou o álbum de estreia do “arquiteto sonoro preferido” da Bazuuca. “Pela forma como ele trabalha a música, pelas viagens em que nos transporta e pela própria forma como ele trabalha o som. É o que ele é!”, confessa João Pereira da organização. A dupla musical rumou a Braga depois de uma troca de palavras com o promotor da Bazuuca. Foi um “Queres que vá aí atuar?”, do João músico, e um “Claro” exclamativo, do João promotor.

Como tudo começou?

O “era uma vez” de João Santos começou no punk rock. Tocou bateria, guitarra e piano. Com o tempo, começou a ver as coisas de outra forma e o interesse pela música eletrónica apareceu. Em 2008, decidiu criar o projeto Daily Misconceptions. ” O segundo concerto de Daily Misconceptions foi aqui em Braga, há alguns anos atrás, no Velha-a-Branca”, recorda João. ” Também já toquei no Juno”.

Nos primeiros anos, João não pensava muito no conceito perfomativo da música eletrónica. Com os concertos, foi se apercebendo que a música eletrónica sofria por falta de performance: “Uma banda eletrónica é só computadores. Não se percebe bem o que está a acontecer ali.” O ímpeto passou por procurar instrumentos de música eletrónica, como o monome, um controlador de som ligado a um computador, para que as pessoas se sentissem mais ligadas à sua expressão musical.

Mas faltava algo: a imagem. Os anos foram passando e Sara Esteves começou a entrar no projeto de forma gradual. “Depois dos primeiros EP, o João foi me chamando. Não era nada fixo”, confessa Sara. “Inicialmente a imagem era mais visível e nós apercebemo-nos que as pessoas deixavam de olhar para o João e colavam na imagem.” Daqui, partiu-se para “uma coisa mais simbiótica”. Passou a haver uma “mistura”: “Vais à imagem, vens ao João, vais à imagem e voltas ao João…”

O futuro é para a frente e mais concertos se avizinham. Depois deste mês, a digressão continua em maio, no Desterro, em Lisboa, e em julho, no TBA e no PIKNIKBEAT, no Fundão.

Fotografia: Sara Lopes