Daniel Pereira Cristo, ou “Cristo” como é alcunhado, é um ex-aluno da Universidade do Minho (UM) e membro da “Azeituna”. Lançou em janeiro o seu primeiro álbum de música tradicional portuguesa, “Cavaquinho Cantado”, onde o cavaquinho desempenha o papel principal.
Desde cedo que se familiarizou com a arte de tocar cavaquinho, aos oito anos já dedilhava as cordas ao lado do pai. Uma paixão imediata que não o impediu de aprender vários instrumentos. “Até hoje nunca mais parei, embora tendo passado por muitos outros: guitarra, viola braguesa, bouzouki, bandolim, flautas, gaitas de fole ou percussões”.
Faz parte do grupo de música tradicional, folk e popular português, “Origem Tradicional”, tendo também estado envolvido em projetos como “Arrefole” e a banda de pop/rock “neurónios aBariados”.
A música tradicional não é um campo ainda muito explorado nos dias de hoje, sendo um desafio investir na produção deste tipo de música, segundo o músico. Cristo admite que não escolheu “o caminho mais fácil”, mas acredita “também que dá muito mais gozo porque há ainda tudo por fazer”.
Acha importante apostar na qualidade da música que define a identidade cultural portuguesa: “Queremos música de identidade, bem feita, bem executada, que seja produto de valor acrescentado e profissional, renovada e colocada no lugar onde merece estar”.
A entrada na “Azeituna” – grupo cultural da UM – foi um marco importante na vida de Daniel. Não o introduziu ao mundo da música, pois cresceu “num ambiente rodeado por música e instrumentos tradicionais”, mas lembra a experiência com carinho.
”Na ‘Azeituna’ tive a oportunidade de, durante cerca de 18 anos, viajar pelo mundo a tocar, fazer concertos em todos os grandes palcos do país, e ter a liberdade criativa de fazer e desenvolver com os meus colegas todo o tipo de experiências, arranjos vocais, orquestrações e composições”. E acrescenta: “Foi uma grande universidade da música e da vida para mim e é com muito orgulho que sou e serei Azeituno”.
A música ocupa um lugar proeminente na vida de Daniel, mas há outras áreas por que tem um grande gosto, como o teatro e a área das letras, sendo membro do “Sindicato de Poesia”. Se se expressa melhor com palavras ou através da música, Daniel aposta na música. Mas aponta que “são linguagens distintas” e que também gosta “muito das palavras, de livros e de poesia”. O músico de “Cavaquinho Cantando” não se esquece destas áreas e integra-as na música. “Tudo aquilo que faço e digo insere, certamente, todas essas experiências”.
E futuro? Daniel Pereira Cristo quer “dar continuidade à carreira musical a solo, que está mesmo, mesmo, no começo, e a apontar para o mercado internacional da world music”. O cavaquinho é visto como único e muito apreciado no estrangeiro e considera a nossa identidade musical como “bastante exótica e diferente para quem vê de fora”. Por isso, acredita que continuar a produzir este tipo de música poderá aumentar o interesse, tanto a nível nacional, como internacional.
Andreia Miranda
Joana Lopes Ferreira